São Paulo – O senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB, levará à Executiva tucana no segundo semestre uma proposta para que os futuros candidatos presidenciais sejam escolhidos em prévias partidárias. Entre os tipos de prévia, ele defenderá a adoção do sistema americano de eleições primárias. "O PSDB deixou de ser um partido pequeno, que tinha suas decisões baseado em poucas pessoas. Isso não funciona mais", advertiu ele.

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Agência Estado – O PSDB perdeu a eleição presidencial, mas elegeu governadores de seis estados e aumentou a bancada no Congresso. Por que o partido continua tão nervoso?Tasso Jereissati – Eu não diria que o partido está nervoso, ele sofre as conseqüências de algumas mudanças importantes que aconteceram com ele. Primeiro, o PSDB deixou de ser um partido pequeno, que tomava suas decisões baseado em poucas pessoas. Os quatro anos de oposição nos deram um partido que, a meu ver, se solidificou. Um partido se solidifica na oposição, não no governo. A conseqüência é que deixamos de ser um partido que tem as suas decisões tomadas por um pequeno grupo e passamos a ser um partido bem mais complexo. Esse é o nosso PSDB. O grande desafio que temos agora é administrar esse nó.

Em 2010 vai haver prévia no partido para escolher o candidato?Eu estou preparando um projeto para entregar ao partido, mudando o processo de escolha do nosso candidato a presidente. Ainda não tenho ele todo desenhado...

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Em linhas gerais...Em linhas gerais, uma prévia, uma escolha com participação muito mais ampla. Acho que deveríamos adotar o sistema das eleições primárias americanas.

Votam os que têm cargo de representação, os filiados ou os eleitores simpáticos ao PSDB?O formato ainda não está desenhado e também não sabemos qual será a escolha do partido. Eu, pessoalmente, acho que deveríamos adotar o sistema das eleições primárias americanas, mas quem vai decidir o formato final é o partido. O que é certo é que acabou o sistema de três ou quatro pessoas escolherem o candidato.

O novo sistema se estenderá às escolhas dos governadores?Não necessariamente. Os governadores devem continuar sendo escolhidos pelas convenções estaduais. Não faz sentido que o novo processo se estenda a governadores e prefeitos.

Dizem no PSDB que os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, querem fazer oposição sem bater no presidente Lula. Isso é possível?Isso é possível para governadores. O governador, até pelos interesses do estado que representa, não pode estressar muito as relações com o governo federal. Já no Congresso é diferente. O PSDB é hoje um partido claramente de oposição ao governo e que tem, como principal opositor político, o PT.

O PSDB ter candidato à presidência da Câmara foi um bom caminho ou apenas uma solução para evitar um racha sem precedentes?Foi um caminho excelente, por várias razões. Primeiro, a questão da proporcionalidade já foi quebrada há muito tempo. A própria candidatura Arlindo Chinaglia não é resultante da proporcionalidade, o PT não é a maior bancada na Câmara. O presidente atual, Aldo Rebelo (PC do B-SP), não representava a proporcionalidade quando foi eleito. O presidente anterior a ele, Severino Cavalcanti, também não. O que é importante para o Congresso, agora, é restabelecer suas tradições, e isso começa por resgatar a credibilidade da Câmara, absolutamente arruinada.

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