Para Polícia Civil, punição é principal desafio
O delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat, admitiu ontem que os números de solução de homicídios ainda estão ruins. Ano passado, a série de reportagens da Gazeta do Povo "Crime Sem Castigo" apontou que 77% dos homicídios cometidos em Curitiba entre 2004 e 2013 seguiam sem solução e apenas um a cada quatro criminoso respondia a processo.
"A gente está fazendo um trabalho forte de dar uma resposta melhor nos índices de solução de homicídios. Uma grande dificuldade é justamente os homicídios envolvendo a parte do tráfico, que é a maioria", afirmou Farhat. Entre os problemas apontados na investigação está a falta de testemunhas nestes casos. O delegado ressaltou que a Polícia Civil tem trabalhado para melhorar os resultados. "Quero ver se no final de 2014 a gente consegue trazer uma estatística mais positiva", ressaltou.
Metodologia
Para evitar discrepância no cálculo das taxas de homicídios, a reportagem da Gazeta do Povo adotou o número de população estimada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), mesma entidade usada pela secretaria. Até setembro do ano passado, a reportagem usava como base o IBGE.
Pela segunda vez em três anos, houve uma queda considerável no número de assassinatos no Paraná: 2013 terminou com 2.575 homicídios dolosos em todo estado, 18% a menos que em 2012, quando foram registrados 3.135. Entre 2011 e 2012, houve um aumento de 2%, que foi considerado como estabilidade na época pelo governo estadual. A estatística de assassinatos do ano passado foi divulgada na tarde de ontem pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp). A taxa de 23,3 homicídios a cada 100 mil habitantes de 2013 superou o número projetado pelo governo estadual, que tinha como meta 24,5. Apesar da redução, essa quantidade de mortes é considerada epidêmica pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que acredita ser aceitável um número abaixo de 10 por 100 mil habitantes.
Entre os motivos para a queda dos homicídios, está o foco de investigação e prisões de pequenos traficantes e a intensificação das Unidades Paraná Seguro (UPS). Mesmo de férias, o secretário estadual de Segurança Pública, Cid Vasques, concedeu entrevista coletiva e detalhou o que acredita ser a explicação para os números positivos de sua pasta. O delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat, e o comandante-geral da Polícia Militar, César Vinícius Kogut, também participaram da apresentação da estatística.
"Não existe uma estratégia principal. Além das UPSs, o reaparelhamento das polícias propiciou um incremento que resultou em prisões, apreensões. Todas as ações acabaram impactando na redução dos crimes", afirmou Vasques.
Prisões e efetivo
Colocar o foco das investigações no pequeno traficante, sem abandonar os "barões" do narcotráfico colaborou muito na avaliação do delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat. No ano passado, foram presos 816 pessoas por envolvimento com o tráfico de drogas pela Polícia Civil, o dobro que em 2012. "Os grandes traficantes se envolvem em poucos homicídios. O pessoal do varejo é que realmente se mata e, por isso, a gente dá uma atenção especial", explica Farhat.
Na avaliação do comandante-geral da PM, o investimento feito nas polícias também deu resultado efetivo. Ele ressaltou que atualmente a PM conta com um efetivo de 21,2 mil policiais (entre eles cerca de três mil são bombeiros). "Em 2010 o efetivo total era de cerca de 17 mil", comentou Kogut. Vasques afirmou que há uma avaliação interna no governo estadual de que o efetivo ideal é de 23 mil policiais militares em todo estado.
Capital
Curitiba teve uma queda menor que a média estadual. No entanto, a capital teve a terceira queda consecutiva no indicador. Foram 530 homicídios em 2013 contra 597 no ano anterior, uma baixa de 11%. Foi o segundo ano seguido que a capital do estado apresentou queda.
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