A inspeção veicular no Paraná custará mais do que a de São Paulo, onde o ar é mais poluído e a frota é cinco vezes maior (7,2 milhões, ante 1,2 milhão). Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), os proprietários de veículos registrados em solo paranaense terão de arcar com uma taxa entre R$ 70 e R$ 79 para aferição da emissão de gases, enquanto na capital paulista esse valor é de R$ 44,36. A avaliação dos níveis de poluentes começará em 2013 na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), passando para toda a frota do estado até 2018, conforme prevê o Plano de Controle de Poluição Veicular, do Ministério do Meio Ambiente. O edital para escolha das empresas que vão explorar o serviço deve ser aberto até a próxima semana.
Os veículos movidos a diesel, por serem mais poluentes, serão os primeiros a se submeterem à inspeção obrigatória. Em seguida, o processo será estendido aos movidos a gasolina e depois aos que funcionam com etanol, incluindo os modelos híbridos (flex). O licenciamento anual do veículo ficará condicionado à inspeção veicular.
Luiz Tarcísio Mossato Pinto, presidente do IAP, explica que o edital será dividido em cinco lotes regionais, de forma a garantir viabilidade financeira para cada um. "Os lotes serão praticamente todos iguais, com pouca diferença na quantidade de veículos e não haverá acúmulo de regiões por empresa", afirma. Segundo Mossato Pinto, os recursos obtidos com a nova taxa serão destinados a ações de fiscalização ambiental do IAP. Ainda não está definido quanto será repassado ao estado e quanto ficará com a empresa.
Fim do prazo
Os estados tinham até o ano passado para entregar seus planos ao Ministério do Meio Ambiente e até o último mês de abril para decidir pela adesão ao programa de inspeção. O órgão informou que 25 estados fizeram a adesão, mas não soube precisar quais não aderiram.
Pioneiro, o estado do Rio de Janeiro iniciou sua inspeção veicular em 1998. Lá, a avaliação custa R$ 96,22, mas o valor pode ser parcelado em até três vezes. Já em São Paulo, onde a inspeção teve início em 2008, o valor é R$ 44,36.
Após a adoção da inspeção veicular obrigatória em São Paulo, oficinas paulistas criaram o serviço de pré-inspeção com o objetivo de atrair clientes que não querem perder tempo entre idas e vindas aos postos da Controlar. O serviço custa em média R$ 80, mesmo valor que deverá ser adotado pelas oficinas paranaenses, segundo o Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Paraná.
Apesar de controversa, a inspeção veicular é vista por especialistas como uma importante aliada no combate à poluição atmosférica. "A legislação de controle industrial é muito mais restritiva do que a dos automóveis em relação à emissão de poluentes e experiências internacionais [de inspeção veicular] apontam bons resultados", diz Tiago Luís Haus, coordenador do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário FAE.
Opinião que é endossada por Adalgiza Fornaro, docente do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. "Os carros respondem por mais de 90% da poluição em áreas urbanas e a inspeção veicular é muito importante para minimizar os efeitos disso na população", afirma.
Estudo mostra ar impregnado de poluentes finos
Um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e divulgado em 2010 revelou que o ar curitibano é o que apresenta a segunda menor concentração de material particulado (PM2,5) dentre as seis capitais brasileiras analisadas.
Na frente de Curitiba, que apresentou concentrações de 13,3 microgramas por metro cúbico (µg/m3) no verão e 18,1 µg/m3 no inverno, apenas a capital pernambucana tem menor concentração (10,5 µg/m3 no verão e 12,5 µg/m3 no inverno).
Segundo Adalgiza Fornaro, docente do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP e que participou do estudo, o PM 2,5 é o material que atinge a situação mais profunda na atmosfera e ainda não é fruto de medição dos institutos ambientais brasileiros.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), por exemplo, detecta a concentração de PM10, mais denso do que o PM2,5, que é formado por um núcleo de carbono ao qual estão associados substâncias como metais, sais de nitrogênio, enxofre e cloro.