As constantes discussões entre taxistas e motoristas de Uber causaram confusão no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na noite desta sexta-feira (24). A tensão se estendeu também para Curitiba, onde, por volta das 21 horas, dois pontos da cidade eram palcos de “rixa” entre os motoristas, segundo os trabalhadores do Uber. Na capital, a Polícia Militar (PM) só confirmou ocorrência em um ponto, próximo à Avenida Getúlio Vargas, no Rebouças.
Assista em vídeo a uma das confusões
De acordo com as primeiras informações da polícia, duas ocorrências foram registradas em frente ao aeroporto por causa do tumulto, que acabou em agressões. Os casos foram por volta das 20 horas. Cerca de uma hora e meia depois, a situação voltou a se repetir.
De acordo com o registro da primeira ocorrência, um taxista teria agredido um motorista de Uber, o que deu início à confusão. Ainda de acordo com a PM, duas viaturas foram até o local para identificar os agressores. Como não houve vítimas, os envolvidos teriam sido orientados a procurar uma delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência.
Motoristas do Uber contam que o incidente próximo ao aeroporto começou por volta das 17h. Segundo eles, cerca de dez motoristas estavam em um restaurante próximo ao aeroporto quando um taxista chegou e começou a insultá-los. Logo após, mais taxistas chegaram no local e uma confusão generalizada se formou. Os motoristas do Uber afirmam que cerca de 30 taxistas de São José dos Pinhais e de Curitiba se envolveram na confusão.
Ainda segundo motoristas do Uber, muitos carros foram danificados e tiveram a lataria amassada. Houve também algumas trocas de agressões físicas, como socos e empurrões, mas ninguém saiu gravemente ferido da confusão. Segundo eles, algumas vias nos arredores ficaram bloqueadas por causa da situação. A Polícia chegou ao local e conseguiu apartar os ânimos por volta das 20 horas.
A assessoria de imprensa da Infraero confirmou os dois primeiros incidentes e informou que nenhum serviço do Aeroporto Afonso Pena sofreu interferências ou ficou suspenso por causa do tumulto. A empresa informou ainda que, diante deste tipo de situação, o Programa Nacional de Aviação Civil prevê que a empresa acione as autoridades de segurança para atuar nos casos.
Tumulto se estende a Curitiba
Por volta das 21 horas, vários táxis faziam buzinaço ao lado de um posto de combustíveis próximo à Rodoferroviária de Curitiba. Em um vídeo que circula pelas redes sociais (assista abaixo) é possível ver um dos momentos de confusão, que tem seu ápice quando um carro descaracterizado colide contra dois táxis e depois sai acelerando.
A confusão em Curitiba, segundo os motoristas do Uber, foi uma extensão do que aconteceu em São José dos Pinhais, no Aeroporto Afonso Pena. Em um posto de combustíveis no bairro Jardim Botânico, próximo ao Mercado Municipal, motoristas do Uber costumam parar para descansar e esperar passageiros. Por volta das 21 horas, de acordo com relato de motoristas do Uber, vários taxistas foram até o local e começaram a gritar palavras de ordem e a chutar os carros do Uber.
Policiais do 12°. Batalhão da Polícia Militar atenderam a ocorrência. Conforme o batalhão, o tumulto foi na Avenida Getúlio Vargas, onde houve muita concentração de táxis. Um dos motoristas do Uber, ainda segundo a polícia, teve o carro danificado por taxistas e, com medo de ser agredido, ficou escondido no Quartel do Comando Geral da PM.
Motoristas do Uber também informaram que havia um grupo de taxistas e prestadores de serviço do aplicativo em uma pequena confusão no bairro Batel. Segundo informações do Paraná On-line, um motorista do aplicativo que não quis ser identificado relatou que na Rua Bispo Dom José, no Batel,um veículo do Uber acabou capotado após ação de taxistas, por volta das 23h. Não há informações de registro de boletim de ocorrência até o momento, apesar de essa ser uma orientação do próprio Uber, segundo os motoristas.
Sindicato diz que irregularidades podem aumentar a tensão
Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado Paraná, Abimael Mardegan, falou que, oficialmente, a instituição não estava sabendo das confusões. Ele disse, no entanto, que compreende os taxistas e que o clima de tensão pode aumentar caso o Uber continue a operar de maneira irregular.
“O clima de tensão vai aumentar contra toda essa pirataria”, disse. Ele acrescentou que os taxistas vêm sendo provocados pelos motoristas do Uber, mas que o sindicato é contra qualquer tipo de agressão como forma de resolver os problemas.
Em nota, a prefeitura de Curitiba afirmou que os motoristas do Uber atuam irregularmente na cidade, pois a atividade não foi regulamentada. Segundo a prefeitura, esses motoristas estão sujeitos às sanções previstas no Código de Transito Brasileiro e, até o momento, 46 condutores já foram autuados em ações de fiscalização.
Sobre o incidente da sexta-feira (24), a prefeitura informou que situações de ameaça e agressão devem ser atendidas pela Polícia Militar e apuradas pela Polícia Civil. “Com relação aos taxistas envolvidos no episódio, os motoristas podem ser denunciados pela conduta diretamente na Urbs e estão sujeitos às sanções previstas nos contratos, caso seja constatada conduta inadequada. Entre as punições está a perda da autorização para circular”, diz a nota da prefeitura.
Assista o vídeo de uma das confusões gravado pela repórter Daniela Sevieri da Rádio Banda B:
46
motoristas do Uber foram autuados em Curitiba por prestarem um serviço irregular de transporte de passageiros. Segundo dados da prefeitura, neste ano já foram realizadas 75 ações integradas de fiscalização do serviço irregular de transporte de passageiros. Nessas ações, 370 veículos foram abordados e 46 motoristas vinculados ao aplicativo Uber foram autuados.
Mais de mil
O Uber estreou em Curitiba oficialmente no dia 18 de março e, segundo os próprios motoristas, já há mais de mil profissionais cadastrados para atuar na capital paranaense. Mas, rodando na cidade, o número deve ser menor, pois muitos ainda não começaram a atuar. Segundo os motoristas, os incidentes registrados na sexta-feira (24) foram a primeira grande retaliação sofrida em Curitiba.
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