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Vizinhança - Adenam planeja ampliar projeto

A Associação dos Defensores da Natureza de Matelândia (Adenam) pretende estender o projeto Água é Vida para municípios vizinhos, entre eles, Ramilândia e Diamante do Oeste, caso a proposta vença o Prêmio Banco do Brasil. Em Matelândia, a intenção é continuar com a despoluição, atingindo pelo menos mais mil nascentes d’água. Com cerca de 15 mil habitantes, a área urbana de Matelândia é abastecida por dois poços artesianos do Aqüífero Guarani.

A proposta paranaense concorre com projetos de Rubiatá (GO), do Colégio Estadual Raimundo Santana Amaral, voltado à preservação de córregos, e de Brasília (DF), da Agência Nacional das Águas, direcionado para a recuperação de fontes alimentadoras do Sistema Cantareira, em São Paulo. Todos na categoria de Gestão de Recursos Hídricos.

O Paraná já conquistou dois prêmios no concurso, realizado a cada dois anos, desde 2001. Em 2005, o projeto vencedor foi do Pequeno Cotolengo, de Curitiba, voltado ao tratamento a pessoas com deficiências. Em 2003, o contemplado foi o projeto "Ensino de Matemática para Deficientes Visuais", da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de Cascavel.

Matelândia – Uma tecnologia simples, utilizada para despoluir nascentes d'água, está melhorando a qualidade de vida dos moradores de Matelândia, município do Oeste paranaense situado a 70 quilômetros de Foz do Iguaçu. Usando pedra, cimento e canos, voluntários da Associação dos Defensores da Natureza de Matelândia (Adenam) deflagraram uma verdadeira revolução verde ao descontaminar a água consumida em propriedades rurais e contribuir para a preservação do meio ambiente.

O projeto, chamado Água é Vida, despertou atenção do país e tornou-se a única iniciativa paranaense finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Concorrem ao prêmio, de R$ 50 mil, 24 projetos selecionados dentre 782 inscritos. Serão contemplados oito vencedores divididos por regiões, a serem anunciados na próxima segunda-feira, em Brasília.

Desde 2004, quando o projeto começou a ser implantado, já foram recuperadas cerca de mil nascentes d' água na zona rural de Matelândia. Tudo é feito em parceria com os agricultores, que ficam responsáveis pela mão de obra. O custo do material não passa de R$ 400 e os benefícios se refletem também na saúde da população.

Embora não haja estatísticas oficiais, a secretária de Saúde de Matelândia, Margarete Debertolis, diz que o projeto, aliado a um programa de saneamento na área rural, já reduziu os casos de verminose e as doenças infantis. "Começamos a notar isso três anos depois da recuperação das minas d'água. O resultado não é imediato, mas representa qualidade de vida", diz.

O presidente da Adenam, Adelar Justen, diz que a idéia de despoluir as nascentes surgiu quando os voluntários da associação perceberem que os rios da zona rural estavam secando. O secretário da Adenam e técnico ambiental, Carlos Antônio Caon, explica que, depois de identificada a mina d'água, é feita a limpeza da área e uma pequena obra com pedra, cimento, barro, mangueira e canos. O objetivo é vedar a cabeceira da nascente e fazer a água ser jogada diretamente em uma caixa de 10 mil litros, evitando o desperdício. Com a adição de cloro, a água fica potável.

As obras são feitas manualmente para não poluir a água com possíveis vazamentos de óleo diesel de tratores ou máquinas.

Para aperfeiçoar a técnica, ainda são plantadas árvores frutíferas no entorno da nascente para formar uma mata ciliar de 50 metros e proteger a água. Todo trabalho é feito de forma voluntária pela Adenam com participação de estudantes da 4.ª série de escolas públicas, que auxiliam no plantio de árvores.

Assim, a água, antes empossada e suja, fica livre da contaminação de dejetos e do assoreamento (acúmulo de sedimentos). A água das nascentes recuperadas, além de ser utilizada para consumo, também serve para os agricultores irrigarem hortaliças e outras culturas.

Os sitiantes aprovam os resultados. A agricultora Maura Viana, 34 anos, diz que o aproveitamento da água depois da implantação do projeto na sua propriedade passou a ser dez vezes maior. "Melhorou bastante. Não tinha mais água. Era preciso racionar para lavar roupa", diz.

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