O controle da gratuidade no acesso ao transporte público é uma grande preocupação entre os gestores. Em Cascavel, no Oeste do Paraná, um sistema de reconhecimento facial foi adotado para coibir as fraudes. Depois de dez meses de implantação, os resultados já apareceram. Antes do sistema, em 2013, a cidade arcava com as despesas médias de 333.760 idosos, deficientes e estudantes com benefício por mês. Agora, em 2014, a média de usuários que não pagam tarifa diminuiu em 4.512, passando para 329.390 passageiros por mês.
Na cidade, um quarto dos usuários do transporte coletivo não paga a passagem, que é de R$ 2,60. Idosos e portadores de necessidades especiais podem circular de graça e estudantes do ensino fundamental, médio e superior desembolsam apenas metade do valor.
Queda
A supervisora de bilhetagem da Vale Sim, empresa que administra a bilhetagem no município, Elza Machajewski, explica que, antes da implantação do sistema, houve mês em que foram registradas 13 mil viagens desses usuários. Depois, a média caiu para cerca de dois mil embarques mensais. O funcionamento do sistema é simples: quem tem algum tipo de benefício faz um cadastro com foto, que será comparada posteriormente com as imagens que serão registradas no validador da catraca.
Bloqueio
A verificação dessas imagens é validada por dois funcionários da Vale Sim, que "conferem" as imagens de cadastro e sistema. Quando a fraude é comprovada, o cartão-transporte desse usuário é bloqueado. Desse modo, a pessoa vai tentar embarcar no ônibus e receberá uma mensagem no validador solicitando que deposite o cartão. Nesse momento, ele é "engolido" pela máquina, recolhido no fim do expediente e encaminhado para a Vale Sim, que chama essas pessoas para adverti-las. Até hoje, não houve reincidências.
Desde setembro de 2013, quando a implantação começou, até a primeira quinzena de outubro deste ano, houve cerca de cem advertências a usuários que fraudaram o sistema. Outros 200 cartões estão na sede da empresa e seus donos não foram buscar. "Cerca de 80% das advertências são para estudantes", conta Elza. Nesse caso, são outros parentes, como os pais e irmãos, que usam o cartão com passagens mais baratas.
Custo
A tecnologia de bilhetagem eletrônica usada em Cascavel é fornecida pela empresa Transdata Smart, de Campinas (SP). Devanir Magrini, diretor comercial, explica que o custo de implantação desse sistema varia de acordo com a frota da cidade: quanto mais veículos, menor fica o custo. Em Cascavel, há 152 ônibus no sistema.
"É muito rápido para reverter o investimento na implantação, isso varia de acordo com a eficiência operacional da empresa de transporte público", afirma. Nesse modelo, toda a gestão do controle de gratuidade é feita pela Vale Sim, que recebe as fotos feitas nos validadores e faz toda a análise necessária.
"O maior benefício desse sistema é para a própria sociedade. No preço da tarifa está incluído o volume de gratuidades. Se estiver sendo usada erroneamente, isso aumenta o preço", diz Magrini.
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