Câmera faz três imagens, em questão de segundos, para a verificação das características do rosto dos passageiros| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Relógio

Já pensou em ter um relógio que libere a entrada em ônibus e metrôs? Pois ele é usado em países como Turquia, Inglaterra, Rússia e Polônia e, no Brasil, está em teste em São Paulo, Recife e Ribeirão Preto. O watch2pay tem um chip que é lido pelos validadores de sistemas de transporte e efetua o pagamento da tarifa. O relógio foi desenvolvido pela empresa austríaca Laks e é oferecido no Brasil pela Rede Ponto Certo.

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Urbs diz que tecnologia semelhante está no radar para Curitiba

Em Curitiba, a grande novidade em termos de bilhetagem eletrônica dos últimos anos foi o anúncio de que, a partir de agosto, os micro-ônibus só aceitarão cartão-transporte como forma de pagamento. Para viabilizar a medida, a Urbs aumentou o número de pontos de venda e recarga e criou uma nova modalidade de cartão, o avulso, além de anunciar que deve lançar um tipo pré-pago em breve.

De acordo com o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior, o celular é uma das tecnologias que estão no radar do órgão. "Já recebemos inúmeras empresas para falar da tecnologia do celular, mas a ideia é trabalhar com o pé no chão", diz. Por enquanto, a meta da Urbs é trabalhar a pulverização dos pontos de venda dos cartões.

Código-fonte

Embora parcerias sejam bem-vindas, desde o fim do ano passado, o município é dono do código-fonte do sistema de bilhetagem eletrônica que é usado na Rede Integrada de Transporte (RIT). A Urbs havia contratado o Instituto Curitiba Informática (ICI) para desenvolver o produto, que por sua vez subcontratou a Dataprom para tocar o serviço.

O episódio foi amplamente discutido durante as sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara da capital, que avaliou várias questões em relação ao transporte coletivo. A prefeitura chegou a acionar a Dataprom judicialmente para a cessão do código-fonte, mas as partes chegaram a um acordo antes da manifestação da Justiça.

Com esse código, é possível aprimorar o sistema atual, seja o trabalho realizado pela própria equipe de tecnologia da Urbs seja qualquer outra empresa que venha a vencer uma licitação.

Foi-se o tempo em que era preciso carregar fichas para andar de ônibus ou metrô. Mesmo o pagamento em dinheiro é preterido por grande parte dos usuários, que prefere utilizar o cartão-transporte. Para facilitar ainda mais a vida de quem usa transporte coletivo, muitas empresas de bilhetagem eletrônica estão investindo no desenvolvimento de tecnologias que otimizem o tempo dessas pessoas, e o futuro parece estar na tela do celular. Em São Paulo, a SPTrans implantou um sistema de recarga de créditos que é feito inteiramente pelo aparelho.

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INFOGRÁFICO: Veja qual será a facilidade com a nova tecnologia

Quem desenvolveu o sistema foi a Rede Ponto Certo, que fornece a tecnologia do Bilhete Único, usado na capital paulista. De acordo com o presidente da rede, Nelson Martins, foram cerca de nove meses de desenvolvimento do produto. O sistema é simples (veja no gráfico desta página): basta baixar um aplicativo no celular para efetuar a compra de novos créditos. O próprio aparelho fará a recarga no cartão. "Atualmente, você precisa ir em loja ou entrar na fila para fazer uma recarga do bilhete único. Com o aplicativo, todo mundo tem um encriptador para fazer as transações", conta.

Como a tecnologia já foi desenvolvida, pode ser replicada rapidamente por todo o país. A Rede Ponto Certo atua em cerca de 300 cidades brasileiras, que já poderiam receber um sistema igual. Por enquanto, cerca de 100 mil pessoas já baixaram o aplicativo na Google Play e as avaliações são positivas. Segundo Martins, o próximo passo é transformar o próprio celular em cartão e usá-lo para liberar as catracas.

Curitiba

Embora a Ponto Certo seja a única empresa que tenha recebido a homologação da SPTrans para operar essa tecnologia em São Paulo, outras companhias também realizam projetos semelhantes. Esse é o caso da curitibana Dataprom, que desenvolveu o sistema de bilhetagem eletrônica em operação na Rede Integrada de Transporte (RIT).

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A empresa está criando duas soluções para pagamento utilizando o celular, conforme explica o gerente de integração, João Franqueto. A primeira é substitui o chip SIM CARD de celulares por um modelo compatível com a tecnologia dos validadores. "Isto permitirá que qualquer celular possa se tornar um meio de pagamento, dispensado o usuário da necessidade de utilizar o cartão-transporte, pois o mesmo estará incorporado ao celular", explica.

Outra é a Comunicação por Campo de Proximidade (NFC, na sigla em inglês), similar ao que já é realizado pela Rede Ponto Certo no sistema Bilhete Único, em São Paulo. "Esta tecnologia, apesar de não ser recente, ainda é muito pouco associada ao transporte público, pois os celulares compatíveis são relativamente caros", pondera. Ele também acredita que esse modelo não é tão difundido porque não é usado pela Apple, detentora dos iPhones.

Reconhecimento facial será usado em Araucária

As inovações na bilhetagem não servem apenas para facilitar a vida do usuário do transporte coletivo, mas também são aliadas da gestão pública. Como em muitas cidades há registro de fraude com o cartão-transporte, especialmente aqueles que são isentos de pagamento, a empresa curitibana Dataprom desenvolveu um sistema biométrico por imagem. A tecnologia está presente nas cidades de São José dos Campos (SP) e Manaus (AM) e será testada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, em 30 ou 40 dias.

De acordo com Sandro José Martins, diretor presidente da Companhia Mu­nicipal de Transporte Coletivo de Araucária (CMTC), a ideia da biometria facial surgiu da necessidade de melhoramento do transporte urbano e também para ajudar a conter os custos do sistema. "Em Araucária, a utilização de cartões com isenção custa em torno de R$ 360 mil a R$ 380 mil por mês. O interesse em implantar o sistema é diminuir a fraude, porque nas fiscalizações pegamos muitos casos de uso indevido do cartão. Tenho certeza de que esse custo vai cair pela metade", explica.

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Na cidade, a fiscalização já percebeu que os cartões de isentos circulam pelas mãos de filhos, netos e companheiros dos verdadeiros donos do benefício. Por isso, há cerca de cinco meses o município já vem recadastrando esses usuários. A medida, que é periódica, agora é acompanhada de uma foto, que vai servir de comparação com o que for registrado nos validadores, que já foram instalados em toda a frota.

O gerente de integração da Dataprom, João Fran­­queto, explica como o sistema funciona. Ele registra três fotos do usuário no momento do embarque: um segundo antes de encostar o cartão, ao encostá-lo no validador, e um segundo depois. Assim, são obtidas três imagens que são usadas para identificar uma possível fraude. A comparação entre a foto tirada no validador e a registrada no cadastro é feita automaticamente, por meio de algoritmos.

"Se confirmarmos a frau­­de, o cartão é bloqueado no dia seguinte", explica Martins. Ele conta que o sistema custou cerca de R$ 900 mil para implantação – só falta realizar o treinamento para os motoristas. A estimativa da prefeitura é de que em até cinco meses seja recuperada essa verba, só com o que for economizado em fraudes. Na cidade, o valor da passagem é de R$ 2,70, assim como na rede integrada.

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