Em vez de apenas prestar homenagens tradicionais como deixar flores no túmulo da pessoa querida que já morreu, famílias de Curitiba decidiram eternizar a memória dos falecidos usando a internet. Com a ajuda de uma equipe de jornalistas e suporte de um psicólogo, elas criaram blogs para seus familiares, nos quais contam suas histórias por meio de uma curta biografia, fotos, música e até vídeos. O projeto, idealizado pelo Crematório Vaticano, vai ser lançado oficialmente no próximo sábado (2), no Dia de Finados.
É possível acessar esses sites por meio de adesivos com um QR Code - uma espécie de selo que pode ser "lido" por smartphones e tablets - colados nas urnas de cinzas que estão colocadas na chamada "Sala de Memórias" do Crematório. A ideia já faz sucesso em outros países, especialmente no Japão, mas é relativamente nova no Brasil. Para conhecer as páginas, basta usar um smartphone ou tablet, que funcionam como escâneres do código. Quem visitar o espaço, que fica na Rua João Manoel, 460, no São Francisco, pode usar seu aparelho para conhecer a história de todos os homenageados que têm códigos em suas urnas no local.
"Se a pessoa não sabe nada sobre seu tataravô, por exemplo, uma página na internet sobre ele pode fazer com que as gerações mais novas o conheçam", explica a diretora do Crematório Vaticano, Mylena Cooper. "Além disso, o site ajuda no processo de luto, já que enfatiza as boas lembranças deixadas pela pessoa", acrescenta.
Para construir a homenagem virtual, as entrevistas são conduzidas de modo a destacar aquilo que a pessoa representava à família. "Perguntamos, por exemplo, qual era o livro favorito dela, seu time de futebol, música que mais gostava. Não perguntamos como a pessoa morreu", comenta o jornalista Lucas Gabriel Marins, que coordena o projeto.
O estudante de física Kaike Siqueira, de 19 anos, gostou da ideia e decidiu homenagear o avô. Segundo ele, uma página na internet é uma grande consideração e não há problema na possibilidade de outras pessoas que passarem pela Sala de Memórias conhecerem a história de seu ascendente. "Eu falo do meu avô a quem eu puder porque ele foi muito querido. Acho maravilhoso que possam conhecê-lo pelo blog", diz. O administrador Marco Ferreira também aderiu ao projeto e eternizou o pai pela internet. "Eu não queria me esquecer dele. Dessa maneira, ele fica sempre vivo na minha memória", justifica.
Para criar uma página, o processo é gratuito àqueles que já mantêm uma urna no Crematório Vaticano. Quem se interessou, precisa criar uma urna de memórias, que custa a partir de R$ 1.092,50.