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Os 22 mil televisores comprados pelo governo do estado para os colégios estaduais do Paraná devem chegar às salas de aula com pelo menos um ano de atraso em relação ao cronograma inicial da Secretaria de Educação (Seed). Quando anunciou a abertura do processo de licitação dos aparelhos, em novembro de 2006, a Secretaria planejava entregá-los em março deste ano. Agora, segundo o órgão, a previsão é de que os televisores estejam instalados e funcionando para atender alunos e professores no começo do ano letivo de 2008.

O novo prazo foi definido pela Seed em nota oficial. Na nota, a secretaria afirma que terminou de receber os aparelhos da Indústria de Móveis Cequipel no mês passado e que 600 televisores, do total de 22 mil, estão sendo utilizados em um programa de capacitação dos professores para lidar com novas ferramentas tecnológicas. "O treinamento é parte do chamado ‘DEB Itinerante’, seminários organizados pelo Departamento de Educação Básica da Seed, realizados em todas as regiões do estado, com a participação de professores, diretores e pedagogos das 2.100 escolas estaduais . Até o final de 2007, 28 mil pessoas terão participado das oficinas e palestras de capacitação", afirma a nota. "Os professores estão sendo treinados para aprenderem a lidar com essa ferramenta", confirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), José Rodrigues Lemos.

A compra dos aparelhos é uma das apostas da política educacional do secretário de Educação, Maurício Requião, e do próprio governador Roberto Requião (PMDB), para quem a utilização dos aparelhos representa "uma revolução no ensino do Paraná".

Desde o anúncio da abertura da licitação, porém, a compra dos televisores alaranjados têm sido questionada por deputados que fazem oposição ao governador Requião e por vários órgãos de imprensa. O líder da oposição na Assembléia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), chegou a propor a instalação de uma CPI da Corrupção na Assembléia Legislativa, que, entre outros temas, apuraria supostas irregularidades na compra dos aparelhos. O valor pago por televisor – R$ 860 – que resultaria em um total de R$ 18.920 – é considerado elevado e fora dos valores de mercado. Além disso, a Cequipel, que segundo o próprio governo fez ajustes nos aparelhos de marca CCE, também foi uma das principais doadoras para a campanha eleitoral de Requião, com R$ 645 mil em doações. No ano passado, segundo informações do site www.gestaododinheiropublico.com.br, a empresa ganhou R$ 4.277.838,87 em licitações do governo do estado.

Todo o processo de compra dos televisores está sendo investigado pela Procuradoria de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba, do Ministério Público do Paraná, e pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Nenhum dos órgãos encerrou a investigação, mas é certo que a implementação da nova tecnologia deve custar ainda mais. Em setembro o governo estadual licitou a compra de seis lotes de 10 mil pen drives que serão distribuídos aos professores. Três empresas arremataram os lotes: a World’s Machine Informática Ltda, a RM Hard Comercio Equipamentos Informática Ltda e a Disoftware Com. e Dist. de Software e Aplicativos Ltda. Cada empresa arrematou dois lotes, com valores unitários que variam de R$ 42,70 a R$ 44,96 (o equivalente a um terço do valor de mercado). Desse modo, algo entre R$2,5 e R$ 2,6 milhões deve ser desembolsado para a aquisição dos pen drives. A Secretaria de Educação também está licitando a compra de racks para fixação dos televisores. A previsão é de que R$3,9 milhões sejam gastos na compra dos suportes.

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