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Destruição: em todo o estado, 3,1 mil casas foram atingidas por ventos que chegaram a até 115 quilômetros por hora | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Destruição: em todo o estado, 3,1 mil casas foram atingidas por ventos que chegaram a até 115 quilômetros por hora| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Prejuízos e morte em Santa Helena

Os ventos de mais de 100 quilômetros por hora que arrasaram parte das comunidades rurais do município de Santa Helena, no Oeste do estado, na tarde de quarta-feira vão ficar para sempre na memória do produtor João Gundi, 56 anos. O forte vendaval seguido de uma tempestade que durou cerca de 15 minutos, destruiu completamente o galpão de 1,5 mil m² em que estavam 16,5 mil aves prontas para o abate.

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El Niño - Oito vendavais em dois meses

Em menos de dois meses, ocorreram oito sequências de vendavais em todo o estado do Paraná, segundo levantamento da Defesa Civil. As ocorrências, relativas ao período de 1º de setembro e 15 de outubro, deixaram prejuízos para 63 municípios.

Nesta época do ano, a ocorrência de temporais é previsível por ser início de primavera, estação marcada pelas chuvas. No entanto, segundo o meteorologista do Instituto Simepar Tarcízio Valentin, a primavera deste ano está mais chuvosa em razão do fenômeno El Niño, que muda a circulação geral da atmosfera em alguns pontos do planeta. No Brasil, o El Niño implica mais chuvas no Sul e menos no Nordeste.

No Paraná, o reflexo da intensificação da chuva causada pelo El Niño já é nítido. Em Curitiba choveu 307.3 milímetros em setembro deste ano, o dobro do normal. A média histórica de chuvas nos últimos 12 anos para o mês de setembro na capital é de 154 milímetros.

A frente fria que atingiu o Paraná veio do Oceano Pacífico, passou pelos Andes, Argentina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Até o fim da semana, o tempo deve permanecer instável em todo o estado. Há riscos de novos temporais.

Denise Paro

Lojas de Cascavel são saqueadas após temporal

Várias lojas foram saqueadas na madrugada de ontem no centro de Cascavel, durante a falta de luz decorrente do temporal que atingiu a cidade. Os vândalos aproveitaram que as portas dos estabelecimentos foram quebradas por galhos de árvores para invadi-los. Para garantir a or­­dem, policiais da Força Alfa foram deslocados de Guaíra ainda na madrugada de ontem. O 6.º Batalhão de Polícia Militar (BPM) também convocou os policiais que estavam de folga para auxiliar nos trabalhos. Até a noite de ontem, a polícia não tinha um levantamento de quantas lojas foram saqueadas. A Defesa Civil registrou mais de cem de­­núncias de vandalismo. Nin­­guém foi preso.

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  • Aeroporto de Arapongas: monomotor arrastado pela força do vento
  • Casa destruída em Cascavel: Região Oeste foi das mais afetadas
  • Árvore caída em Londrina: cidade decretou estado de emergência
  • Veja a relação de municípios afetados e alguns estragos em razão das fortes chuvas

Santa Helena - Mais de 3,1 mil casas foram danificadas pela tempestade e pelos fortes ventos que atingiram várias regiões do Paraná en­­tre quarta-feira e a madrugada de ontem. De acordo com a Coor­denadoria Esta­dual de Defesa Civil do Paraná, até o fim da tarde de ontem 32 municípios haviam registrado alguma ocorrência em função do vendaval. No total, quase 1,8 mil pessoas tiveram de sair de suas casas e uma morreu.

As regiões Oeste e Sudoeste fo­­ram as mais prejudicadas pelos ventos, que ultrapassaram os 100 quilômetros por hora, e pela queda de granizo. Nos 16 municípios afetados, 350 mil unidades consumidoras ficaram em algum mo­­mento sem energia elétrica. Mate­lândia contabilizou 350 residências danificadas. Com o destelhamento de um armazém, a chuva encharcou 120 toneladas de milho e trigo estocadas. O vendaval derrubou três torres de transmissão.

Nas cidades de Palotina e Dia­mante do Oeste, além do vendaval houve queda de granizo. Mais de 120 casas foram destelhadas. No município de Iguatu, 25 pessoas ficaram levemente feridas. Em Ubiratã, o temporal que durou cerca de 30 minutos obrigou a família da dona de casa Maria Ribeiro, 42 anos, a dormir dentro do carro. "Era o lugar mais seguro para a gen­te se proteger das pedras de gelo. Algumas eram do tamanho de uma laranja", conta.

O agricultor Nivaldo Lessa, proprietário de um aviário, acredita que os prejuízos com o granizo devem passar de R$ 10 mil. Ele teve o aviário e o carro destruídos. "Perdi mais de 11 mil frangos mortos, afogados e com pedradas de granizo", contabiliza. Ventos também de 115km/h e um pequeno tornado – tempestade na qual se forma uma nuvem semelhante a um funil que chega a tocar o solo – causaram prejuízos em Am­­pére, no Sudoeste, destelhando 30 casas.

Na localidade de Cavaco, próxima a Cantagalo, na Região Central, 100 casas foram destelhadas e três pessoas tiveram ferimentos leves. Os bombeiros de Guarapuava também prestaram atendimento em Goioxim, onde 110 residências fo­­ram destelhadas e o abastecimento de energia elétrica ficou suspenso temporariamente. "O colono se pega nesse momento já sem di­­nheiro e agora sem casa, o que vai fazer? Tem de ajudar", comentou o prefeito Olivo Agos­tinho Calsa.

Norte e Noroeste

Já em Maringá, no Noroeste, o temporal que atingiu a cidade no início da madrugada foi classificado co­­mo o pior do ano. A estação me­­teo­rológica do Aeroporto Silvio Name Junior registrou ven­­­tos de 115 km/h. A Copel informou que 7,5 mil residências ficaram sem luz.

Cerca de 300 alunos de vários cursos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) ficaram sem aulas ontem de manhã por causa do alagamento de dez salas. Uma grande quantidade de água entrou pelo teto do segundo andar do Bloco G-56, pela rede elétrica e pelos corredores. De acordo com o titular da prefeitura do câmpus, Lourival Domin­gos Zamuner, parte do bloco foi destelhado. Não há previsão de quando as salas atingidas serão liberadas.

Até o Corpo de Bombeiros foi vítima do vendaval de ontem em Umuarama. O vento derrubou uma torre de comunicação e prejudicou os telefones da corporação. Vítimas do temporal não conseguiram pedir ajuda pelo 193 e tiveram de recorrer à Guarda Muni­cipal e à Polícia Militar. Em Cruzei­ro do Oeste, o caminhão dos bombeiros comunitários ficou atolado e uma máquina da prefeitura teve de retirar o veículo da lama.

A Polícia Rodoviária Estadual informou que praticamente todas as rodovias da região enfrentaram problemas com queda de árvores. A falta de energia elétrica na estação da captação da Sanepar, no Rio Piava, deixou parte de Umuarama sem água.

O forte vendaval derrubou apro­­ximadamente 50 árvores em Londrina e deixou cerca de 150 ca­­sas destelhadas. O prefeito Bar­­bosa Neto (PDT) decretou situação de emergência no município. Sol­dados do Tiro de Guerra foram convocados para ajudar a população na reconstrução das casas. No aeroporto de Arapongas, um monomotor que estava parado na pista foi arrastado pela força do vento e teve uma das asas quebrada.

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