O tempo mais favorável para a safra de grãos do centro-sul brasileiro até o momento e as perspectivas de que as condições climáticas fiquem dentro da normalidade até a colheita deverão garantir uma produção maior em 2006/07, apesar da redução de área plantada, afirmaram meteorologistas nesta quarta-feira.

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``Não esperamos estiagens severas. Podem ocorrer estiagens regionalizadas... Mas que não devem comprometer a produtividade'', afirmou a meteorologista Cássia Beu, da Somar, referindo-se à previsão climática para o centro-sul do Brasil, que responde por grande parte da produção de soja e milho do país.

Nesta quarta-feira, o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Jacinto Ferreira, afirmou durante o anúncio da terceira estimativa da safra 06/07 que o número previsto de 120,2 milhões de toneladas, que superaria levemente a produção da temporada passada, é ``conservador'', em função do tempo favorável.

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A produção total deverá crescer, segundo a Conab, apesar da redução de área plantada para 45,2 milhões de hectares, ante 47,3 milhões em 2005/06.

Conforme os meteorologistas, essa seria a primeira, após duas safras consecutivas de frustração climática no Sul do Brasil, que a colheita sofreria menos os efeitos do tempo seco.

Em 2004/05, o Rio Grande do Sul, o terceiro produtor brasileiro de soja, foi o mais afetado pela seca, colhendo apenas 2,5 milhões de toneladas da oleaginosa, uma quebra de 70 por cento ante a expectativa.

Em 2005/06, os gaúchos tiveram melhor sorte, mas o Paraná (o segundo produtor nacional), pela segunda temporada seguida, registrou perdas de cerca de 2 milhões de toneladas, colhendo pouco mais de 9 milhões de toneladas de grãos.

Para 2006/07, a Conab prevê colheita no Paraná de 11,5 milhões de toneladas, e de 7,7 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul.

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A meteorologista da Somar, no entanto, observou que o fenômeno El Niño, que tende a trazer mais chuvas para o Sul do Brasil, e menos para o Nordeste, está menos intenso este ano. ''Todo mundo diz que o El Niño provoca chuvas no Sul, mas ele está mais fraco.''

Cássia notou que as chuvas, apesar de mal distribuídas, estão ocorrendo no Rio Grande do Sul. No Paraná, a preocupação está na região oeste.

``Tem chovido em partes do Estado (Paraná), o calor está muito forte, a perda por evapotranspiração está muito acentuada, mas está chovendo mais do que nos últimos anos'', acrescentou o agrometeorologista Agenor Santa Rita, do Deral (Departamento de Economia Rural), do governo do Paraná.

O plantio de soja e milho está praticamente finalizado no Estado.

``Temos perspectivas de chuvas. Até agora não há ocorrência de deficiência hídrica... Ao contrário do ano passado, que nessa época já era grande.''

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De acordo com a Somar, os produtores do Centro-Oeste (a principal região para a soja no Brasil), que têm sido menos afetados pela seca nos últimos anos, novamente deverão registrar uma produção sem grandes sobressaltos.

``No Centro-Oeste, se não se confirmassem as chuvas esta semana, eles teriam problema. Mas tem chovido'', ressaltou a meteorologista da Somar, lamentando apenas que a região Nordeste terá menos precipitação este ano.

``A situação é complicada no Nordeste. Começou a chover cedo, só que parou. Aí o El Niño é um problema.''

A produção de soja estimada para o Nordeste, de 3,7 milhões de toneladas, representa menos de 7 por cento da safra brasileira, de 54,7 milhões de toneladas.