Os resultados decepcionantes das duas últimas safras de soja fizeram com que muitos agricultores do Noroeste do Paraná migrassem para a cana-de-açúcar. A previsão da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) é de uma redução, no próximo ano, de pelo menos 20% da área plantada de soja na região de Umuarama, sede da próxima etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, promovido pela RPC-Gazeta do Povo. Os preços atrativos do açúcar e do álcool no mercado interno e externo animaram os produtores a mudar suas plantações. Novas usinas se instalaram na região e elas adotaram estratégias agressivas para convencer os agricultores a plantar cana. Os atrativos são as garantias de preço mínimo e compra de toda a produção.
O fim da monocultura deve ser um dos temas de debate do encontro, na próxima terça-feira. Nos últimos dois anos, diversos fatores fizeram com que os produtores desanimassem com a soja. Os principais foram a redução do preço do produto (a soja é uma commodity e seu preço é determinado pela cotação no mercado internacional), a valorização do real em relação do dólar e a estiagem que castigou o Paraná na última safra. Essas variáveis negativas afetaram os produtores de todo o estado, particularmente os do Noroeste.
Uma das características da agricultura na região é a produção em terras arrendadas. "Os arrendatários se descapitalizaram nos últimos dois anos e estão sem crédito para produzir", diz o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Umuarama, Humberto Vignolli, membro da comissão técnica de grãos e fibras da Federação da Agricultura do Parana (Faep). Para renovar os contratos de arrendamento das terras, os produtores estão usando as garantias de preço dadas pelas usinas de açúcar e álcool.
O economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab de Umuarama, Ático Luiz Ferreira, diz que essa migração da soja para a cana-de-açúcar pode ser um processo temporário. Caso as cotações do produto voltem a subir, é provável que haja um retorno dos agricultores para o grão. Ferreira informa que os preços do açúcar e do álcool não atraíram somente os produtores de soja. Segundo ele, diversos pecuaristas também reduziram a área de pastagem e investiram na plantação de cana.
Grão
Apesar da redução na área plantada, a soja deve permanecer como destaque na economia do Noroeste. A chefe da Divisão de Estatísticas do Deral, Gilka Andretta, informa que a soja foi responsável por 18% do total da renda gerada pelo campo na regional de Umuarama na safra de 2004. A cultura é nova no Noroeste. Começou a ser explorada em grande escala nos últimos cinco anos, com o desenvolvimento de tecnologia para o plantio no Arenito Caiuá. Na safra de 1997, a soja ocupava somente o oitavo lugar no ranking dos produtos que mais geravam riqueza. A cana-de-açúcar e a criação de gado estavam no topo da lista. No ano passado, a soja passou a ser a cultura mais importante, seguida da cana, frango e criação de gado.
Futuro em debate
O que é o Fórum Futuro 10 Paraná é uma iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) para discutir o desenvolvimento do estado.
Objetivo a idéia é elaborar um plano de desenvolvimento do Paraná para a próxima década.
Onde ocorre Desde julho, ocorreram encontros em Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel. A próxima etapa será em Umuarama, na terça-feira. Até dezembro, estão marcados encontros em Curitiba e Guarapuava.
Quem apóia a Federação das Indústrias do Estado do Paraná, o Sebrae-PR, a Federação do Comércio do Paraná, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná, a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, a Federação das Associações Comerciais do Estado do Paraná, a Associação Comercial do Estado do Paraná, a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná, o Instituto Paraná Desenvolvimento e o Instituto de Engenharia do Paraná. A TIM e a Caixa Econômica Federal também apóiam o evento.
Balanço
6 mil pessoasdevem participar de todas as etapas do Fórum Futuro 10 Paraná até dezembro.
550 liderançasdevem participar da etapa de Umuarama, que ocorre na próxima terça-feira, dia 18, na Unipar câmpus três.
70 cidadesdo Noroeste devem ser representadas no próximo encontro.
25 de outubroé a data da sétima etapa, que será realizada em Curitiba.
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