Veja que cinco das 16 bacias hidrográficas representam 70% em termos de volume| Foto:

Problemas

Fatores que comprometem as bacias hidrográficas:

Em áreas urbanas

Saneamento

> Esgotos clandestinos, em sua maioria, são lançados em afluentes, causando o comprometimento da qualidade da água. O lançamento pode ser tanto domiciliar quanto industrial, o que causa um dano maior.

Drenagem urbana

> É a principal interface entre solo, esgoto, resíduos sólidos e poluição atmosférica.

A impermeabilização do solo acentua as enchentes e reduz a capacidade dos rios em períodos de estiagem.

A construção de estacionamento e armazenagem da água em reservatórios para o reuso seriam algumas das soluções.

Carga difusa

> Segundo o especialista em recursos hídricos Eduardo Gobbi, carga difusa é toda a sujeira que a chuva lava e vai para os rios, como óleo de carro, lixo doméstico, folhas e poluição. Segundo Gobbi, não há estudos no país sobre o assunto.

Em áreas rurais

Assoreamento

> É causado pela falta de mata ciliar e respeito às normas de construção e plantio, por exemplo.

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Plano tem diretrizes para os próximos 4 anos

A política de recursos hídricos do estado ganhou, ontem, em Curitiba, mais uma ferramenta de atuação e planejamento. O Plano Estadual de Recursos Hídricos, considerado uma ação inédita no Paraná, é resultado de um trabalho em parceria com órgãos governamentais e sociedade civil. Leia a matéria completa

Enquanto outros países discutem as dificuldades trazidas pela escassez de água, no Brasil a preocupação envolve a qualidade dos recursos hídricos. Concentrações urbanas e industriais, como Curitiba e a região metropolitana, apresentam áreas com saneamento básico insuficiente. Já no interior, o assoreamento causado pela degradação das matas ciliares é o principal problema para se manter a qualidade das águas. Embora a situação média dos rios paranaenses seja considerada razoável, o engenheiro ambiental Eduardo Gobbi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em recursos hídricos, alerta para áreas degradadas e afirma que o estado perdeu tempo na corrida pela conservação de suas bacias.

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Para Gobbi, a qualidade das águas dos rios do Paraná poderia ser muito maior. "Perdemos a oportunidade de estar em uma fase mais avançada", analisa. O professor diz que o atraso na implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), que depois de oito anos saiu do papel (leia mais nesta página), terá um ônus. Nesse meio tempo, a disputa pela água se tornou maior, intensificando os problemas que comprometem a recuperação das bacias, levando ao assoreamento e a problemas com saneamento e drenagem urbana, afirma o presidente do Instituto das Águas do Paraná, nome atual da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Sudersha), João Samek.

Segundo a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sane­par, Maria Salete Rosa, não houve avanços na gestão da poluição dos rios devido à falta de uma preocupação maior com a drenagem. A região metropolitana de Curitiba tem sido monitorada constantemente por causa do impacto das ocupações urbanas na qualidade da água. "Curitiba recebe água limpa e destina o passivo para os vizinhos, enviando esgoto", descreve.

Gobbi acrescenta que o saneamento é o principal problema não só na capital, mas também no estado e em todo o país. Na sua avaliação, 50% dos rios de Curitiba e região metropolitana estão mortos, incluindo os rios Atuba, Palmital, Bacacheri, Belém, Ribeirão dos Padilhas e parte do Barigui. "A margem direita da Bacia do Iguaçu está comprometida pelo adensamento urbano e industrial", analisa.

Duas soluções apontadas pelo professor da UFPR seriam a preocupação maior com as ligações clandestinas e a cobrança pelo uso da água, de forma que os poluidores paguem mais. Gobbi diz que o valor é político e a cobrança traz a sensação de que é preciso fazer alguma coisa para mudar o sistema. "Significa um comprometimento da sociedade, que deve estar disposta a ter de pagar para ter um rio limpo", diz.

Gestão

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Samek afirma que as informações sobre a qualidade e quantidade das águas do estado já existiam, mas estavam descentralizadas. A partir do lançamento do PERH, haverá a sistematização dos dados e a implementação de ações pontuais em cada área comprometida, lembra ele. A estimativa é que sejam aplicados cerca de R$ 600 milhões em obras de complexidade e infraestrutura em todo o estado, com recursos do Programa de Acele­ração do Crescimento (PAC).