O Paraná enfrenta uma temporada de chuvas intensas com um guarda-chuva que não funciona muito bem: o sistema de monitoramento e previsão de desastres naturais está defasado.
Só 13 dos 399 municípios do estado são monitorados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal. A quantidade de cidades cobertas é a mesma desde 2012. Para evitar tragédias decorrentes da chuva, a Defesa Civil do estado depende quase exclusivamente dos avisos emitidos pelo Instituto Simepar.
Por sua vez, o Simepar possui apenas um radar meteorológico em funcionamento, instalado em Teixeira Soares, nos Campos Gerais. O equipamento o mesmo desde 1997 prevê a situação do tempo nas regiões Sul, Leste e Central do estado. Neste ano deve ser instalado um novo radar em Cascavel para dar cobertura às outras regiões. O equipamento está em fase final de testes.
De acordo com o tenente João Cláudio Schena, chefe do setor técnico da Defesa Civil do Paraná, há parceria com o Simepar para que a troca de informações sobre riscos de tempestades seja frequente. "Dessa forma, podemos avisar a Defesa Civil dos municípios onde há mais chance de tempestade para realizar medidas de prevenção e alertar à população."
Integrante do Laboratório de Climatologia (Laboclima) da UFPR e doutoranda em áreas de risco e inundações, Gabriela Pinheiro afirma que o sistema de prevenção do estado não é efetivo justamente pela somatória desses fatores. "O Simepar só tem um radar e o Cemaden não possui um diálogo intenso com a Defesa Civil". O ideal, segundo ela, era ter um Cemaden em cada estado. "Isso faz com que a Defesa Civil atue mais durante e após o desastre e menos antes dele acontecer."
Janeiro molhado
A previsão é de que durante este mês o estado registre chuvas acima da média, com ocorrência de temporais como o registrado em Curitiba no último domingo. "É um dos períodos mais chuvosos do ano", afirma a meteorologista do Instituto Simepar, Scheila da Paz Rivas. O problema é saber em qual horário a chuva vai despencar. As precipitações costumam ser repentinas e pegar o curitibano de surpresa.
O fato é que chove muito: no mês de janeiro, Curitiba costuma registrar 170 mm de chuva. Do dia 1.º ao dia 13, o índice já foi de 176 mm quase metade daprecipitação ocorreu entre as 21 horas de domingo e 1 hora de segunda-feira. Em quatro horas, foram 85 mm na capital.