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Litoral

Temporada nova com velhos desafios

Abel Braga faz várias mudanças no Internacional | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Abel Braga faz várias mudanças no Internacional (Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo)

Faltando quatro meses para o início da temporada de verão, o litoral do Paraná ainda se prepara para receber os mais de um milhão de veranistas que descem a serra no fim do ano. Apesar das obras e de algumas melhorias previstas, conhecidos problemas das cidades litorâneas ainda farão parte da rotina dos turistas. A situação mais emblemática é a de Matinhos.

O avanço da maré, o assoreamento dos rios que deságuam no mar, o calçadão destruído e as praias impróprias para banho continuam formando uma equação incômoda para moradores, comerciantes e turistas. "Já estou até cansado de falar, mas dependemos da dragagem do Canal da Galheta em Paranaguá para mexer em alguma coisa", diz o prefeito de Matinhos, Francisco Carlim dos Santos (PSDB).

Com a dragagem, a areia que dificulta a navegação no Canal da Galheta seria utilizada para engordar as praias de Matinhos, impedindo que a água do mar chegasse até o calçadão. Para este ano, no entanto, a fórmula não será posta em prática. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) deve abrir licitação para a dradagem do canal nas próximas semanas. Mas, mesmo que a obra comece ainda neste ano, a primeira fase seria emergencial e um eventual deslocamento da areia para Matinhos dependeria de uma série de estudos de impacto ambiental, o que não deve ficar pronto para a próxima temporada.

Sem a areia da Galheta e a instalação de esporões que seriam utilizados para influenciar a corrente marítima, outras obras também não vão sair do papel. "Não vamos investir em soluções paliativas. Não adianta gastar dinheiro e arrumar o calçadão se o mar continua subindo e destrói tudo", ressalta Carlim. O cenário de guerra à beira da praia com as calçadas rachadas, portanto, vai estar presente quando os visitantes chegarem.

Quem trabalha com o turismo no litoral sente os efeitos do antigo problema. "A falta de infra-estrutura complica muito a cidade", diz Alide Omaire, proprietário do Hotel Tâmara. Segundo ele, desde a duplicação da BR para o litoral de Santa Catarina, o movimento no hotel tem caído regularmente. "A média é de 20% menos de clientela por temporada ", ressalta.

Além de afastar os turistas, os problemas da cidade também atingem quem vive no município. A dona de casa Ivonete Martins, que mora ao lado do Rio Matinhos, no Balneário Flamingo, perdeu a conta de quantas vezes pediu auxílio à prefeitura e aos vereadores. Além do cheiro forte do esgoto jogado irregularmente no rio, ela sofre com o assoreamento do Matinhos, que mudou seu curso e passa a pouco metros da sua casa. "Em dia de chuva, não posso sair de casa. Tenho medo que a água engula tudo."

O prefeito afirma que o mau cheiro deve-se às ligações clandestinas de esgoto e que a cidade espera autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para solucionar o problema do assoreamento. "Assim que sair a autorização, vamos voltar a retirar areia do local para restaurar o curso do rio", diz o prefeito.

De acordo com Carlim, a autorização do IAP só não saiu por conta de "forças políticas". Apesar de não citar nomes, não é difícil saber que o prefeito dispara contra a Câmara de Vereadores. Lá ele é investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, acusado de não prestar contas.

Disputas políticas entre Executivo e Legislativo são uma constante nas praias do Paraná. No início do ano, em plena temporada de verão, o prefeito de Pontal do Paraná, Rudisney Gimenes (PMDB), suspendeu a prestação de diversos serviços na cidade sob a alegação de que não tinha dinheiro em caixa, já que a Câmara não havia aprovado o Orçamento Municipal. A peça orçamentária foi liberada pela Justiça e só houve uma trégua com a intervenção do empresariado da cidade. "Sentamos com as duas partes e mostramos que a cidade é que estava perdendo", conta Jaime Cousseau, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Pontal do Paraná (Aciapar).

Guaratuba também viveu seus dias de agitação política. O prefeito Miguel Jamur (PT do B) chegou a sofrer um pedido de cassação porque teria utilizado dinheiro do Instituto de Previdência de Guaratuba para pagar contas da prefeitura. Jamur foi absolvido pelos vereadores, mas a cidade sentiu os efeitos da disputa.

"Houve um descuido na limpeza e varrição das ruas e na conservação da Avenida Beira-Mar. Culpa dessa questão política aí", diz o presidente da Associação Comercial e Industrial de Guaratuba (Acig), Maurício Lense.

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