A primavera começou oficialmente ontem com fortes pancadas de chuva na Região Sul do país. Desde a tarde da última sexta-feira, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná sofrem a influência de uma frente fria que trouxe muita chuva, raios, vendavais e granizo. A frente se desloca rapidamente e deve atingir São Paulo hoje.
Antes mesmo da chegada dos temporais, as Defesas Civis da região alertaram para o risco de alagamentos, deslizamentos e outros transtornos típicos do mau tempo. E a previsão se concretizou: pelo menos 98 cidades dos três estados registraram prejuízos e 36 mil moradores foram afetados. A pior situação é em Santa Catarina, onde cinco municípios decretaram situação de emergência e cerca de 4,8 mil pessoas estão desalojadas (na casa de parentes) ou desabrigadas (em abrigos públicos) em 51 cidades. A mais prejudicada foi Rio do Sul, onde a cheia do Rio Itajaí-Açu ultrapassou o nível normal em dez metros e afetou 1,5 mil pessoas.
O governador catarinense, Raimundo Colombo (PSD), estuda decretar situação de emergência no estado devido aos estragos causados pelas chuvas na última semana. Com o decreto, o governo pode, entre outros benefícios, fazer compras sem licitação e solicitar recursos ao governo federal.
Entre sexta-feira e sábado choveu o equivalente a todo mês de setembro, segundo a Defesa Civil. Segundo Colombo, a decisão depende da intensidade da chuva nas próximas horas. A previsão aponta que o acumulado deve chegar a 100 milímetros (mm) em algumas regiões.
Blumenau
Com um histórico de tragédias climáticas com enchentes e deslizamentos, Blumenau começou a se preparar durante toda a semana. Foram organizados 30 abrigos e a Defesa Civil da cidade mapeou as áreas com risco de deslizamentos e monitorou de hora em hora o nível do Rio Itajaí-Açu.
Na medição das 20 horas de sábado, a cheia alcançou mais de 10 metros acima do normal e causou alagamentos em algumas ruas. A previsão era de que o pico não ultrapasse 11 metros. Houve um deslizamento durante a madrugada, mas sem feridos, e 89 pessoas ficaram desabrigadas.
"Estamos muito apreensivos. Não sabemos qual o volume que o rio vai atingir. Abrimos o mercado hoje [ontem] porque as pessoas precisam comprar comida. Mas vamos retirar os produtos à noite", contou a comerciante Marta Scottini, de 59 anos.
"Duas regiões nos preocupam mais neste momento, o Vale do Itajaí e a região norte, onde a previsão indica que a chuva deve aumentar nas próximas horas", afirmou Colombo.