O temporal que atingiu Curitiba e região metropolitana (RMC), no fim da tarde de ontem, deixou pelo menos três pessoas feridas, além de causar confusão e prejuízos em diversos pontos da cidade. De acordo com a Copel, 206 mil residências da capital, RMC e litoral ficaram sem luz entre 18 horas e 19h30.
O caso mais grave ocorreu no Shopping Total, no bairro Portão. Por volta das 18h30, o teto do setor azul do shopping desabou. Soraya Isber, 42 anos, Raquel Silva do Lago, 19 anos, e Rafael Aguiar, 27 anos, ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital do Trabalhador (HT).
Segundo informações da administração do hospital, Soraya e Raquel apresentaram escoriações leves no rosto e nos lábios e foram liberadas. O caso mais grave foi o de Aguiar, que bateu a cabeça e passaria a noite em observação. De acordo com o HT, no entanto, ele não corre risco de morte. "Ele sempre vai naquele shopping. Dessa vez, ia se encontrar com a esposa", explica Julena Aguiar, mãe do rapaz. "Ele ainda conseguiu me ligar do celular. Fiquei desesperada e cheguei aqui antes da ambulância."
Segundo o major Mascarenhas, que chefiou as operações do Corpo de Bombeiros no local, as causas do acidente só serão conhecidas após uma perícia. Mas, segundo ele, é provável que as calhas do shopping não tenham agüentado a força e a quantidade de água. O major afirmou que estava descartada a hipótese de possíveis vítimas presas entre os escombros do acidente. "Fizemos várias varreduras no local e não encontramos ninguém", disse.
A administração do Total, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que as vítimas serão auxiliadas pelo shopping e que o local tinha a aprovação do Corpo de Bombeiros para trabalhar. A informação não foi confirmada por Mascarenhas. Funcionários que trabalham nas lojas no shopping afirmam que a saída do local foi confusa e que "por sorte" não houve vítimas fatais. "Foi uma correria. Tinha sangue pelo chão, água e gesso", afirmou Liliane da Silva, que trabalha na Sonhos & Sonhos. Gustavo Henrique Ferreira, vendedor da Giames Surf & Skate, disse que nunca foi dado nenhum tipo de orientação nos caso de acidentes como o de ontem. "Saímos correndo para onde deu. Acho que a maioria nem sabia onde eram as saídas de emergência. Os seguranças passavam pela gente sem falar nada. Pareciam perdidos." Cerca de 120 pessoas trabalham no setor azul do Total.
Caos
De acordo com a Defesa Civil, somente na capital, foram registradas 40 quedas de árvores, dez alagamentos e 20 destelhamentos provocados pela chuva. "Chegamos a atender 24 ocorrências de vulto simultaneamente", explicou o major Mascarenhas.
No bairro São Brás, uma casa ficou bastante danificada pelo tombamento de uma árvore. Daniel Luís Toaldo, 26 anos, proprietário de uma empresa de eventos, conta que andava de bicicleta quando o temporal começou. Logo depois que chegou em casa, ouviu o barulho da árvore atingindo o portão da casa vizinha, que pertence a sua avó, Amália Scorsin Toaldo. "Houve bastante estrago, as telhas quebraram e a calha caiu. A sorte foi que a casa está vazia."
A Igreja Nossa Senhora das Graças e Santa Gema Galgani, no bairro Barreirinha, foi atingida por um raio. O padre Leocádio Zytkowski conta que havia um grupo de fiéis rezando no momento em que a igreja foi atingida. "Muita gente podia ter se ferido porque as telhas caíram em cima deles." Outra igreja que teve problemas por causa da chuva foi a Paróquia Santo Inácio e Santa Paula, próxima ao Parque Barigüi, que ficou alagada logo após o início do temporal devido à enchente de um córrego próximo. O Rio Atuba também transbordou e causou transtornos para os moradores do Bairro Alto e Atuba. O Rio Bacacheri Mirim alagou ruas do bairro Tingüi.
De acordo com a Copel, somente na capital 130 mil residências de dez bairros ficaram sem luz. A sub-estação das Mercês, que é responsável por 80 mil residências, chegou a ser desligada. O temporal também trouxe caos ao trânsito curitibano. Foram registrados 22 acidentes entre 18 e 20 horas.