Deslizamentos de terra provocados pela tempestade da noite de ontem (14), na capital paulista, provocaram a interdição de 20 imóveis na Cidade Ademar, na zona sul da cidade, e deixaram 90 pessoas desalojadas. Ontem mesmo, a Defesa Civil começou a demolir três imóveis que ofereciam risco à população. Segundo Jair Paca, coordenador da Defesa Civil, o objetivo é desobstruir o córrego sobre o qual essas casas foram construídas.
"Esses imóveis foram construídos irregularmente em cima do córrego aqui na região. Daí a necessidade de remoção desses entulhos, senão fecha o córrego e as consequências serão piores. Essa água pode voltar e aumentar a área inundada na região", explicou Jair Paca.
A Defesa Civil também colocou 13 subprefeituras de São Paulo em estado de atenção para novos deslizamentos, que podem ocorrer hoje (15) em função de mais chuvas previstas para esta tarde. Ontem, a tempestade no início da noite causou 80 pontos de alagamento (40 intransitáveis), segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), o maior número registrado este ano na cidade.
O coordenador informou que a Defesa Civil se prepara para as chuvas que devem ocorrer na tarde de hoje e vai posicionar equipes nas principais áreas sujeitas à inundação. Durante a manhã, já foram feitas vistorias nas regiões de risco.
Na zona leste do município, um muro caiu sobre três imóveis. De acordo com Jair Paca, essas casa precisaram apenas de limpeza e as famílias já retornaram para as residências. No bairro Jaraguá, outro muro caiu sobre uma edificação, que precisará passar por obras emergenciais. Em Itaquera, 16 barracos foram prejudicados pela tempestade, sendo que três deles caíram no córrego.
Outro local inundado pela água foi o campo da sede social do São Paulo Futebol Clube, na zona sul da capital. Não foi necessária a interdição do estádio.
Além disso, houve falta de luz em alguns bairros, segundo a concessionária de energia Eletropaulo. Faltou energia em pontos de Santo Amaro, do Brooklin, da Vila Olímpia, do Morumbi, na zona sul, e de Pinheiros, do Butantã e da Lapa, na zona oeste. De acordo com a empresa, hoje, as equipes de 2 mil eletricistas estão concentradas nas ocorrências pontuais, nas zonas sul e oeste.
Escola suspende aulas em decorrência de enchente em São Paulo
Cerca de 4 mil alunos da escola particular Visconde de Porto Seguro, no bairro Morumbi, tiveram as aulas suspensas hoje (15) em decorrência da forte chuva que atingiu a capital no fim da tarde de ontem (14). Parte das dependências do colégio foi inundada e a água, que continua apenas no estacionamento do subsolo, está sendo drenada. As aulas serão retomadas na próxima segunda-feira (18), de acordo com a assessoria de imprensa da instituição.
A designer de interiores Daniela Ferreira, 45 anos, é mãe de Eduarda, 11 anos, que estuda na unidade. "Como ela estuda à tarde, estava aqui na hora que começou a inundação. Ela ligou para mim por volta das 18h já preocupada, pedindo que aguardasse um pouco para vir buscá-la, porque havia entrado água na escola. A gente sabe que as ruas do entorno ficam inundadas, então ela estava preocupada que eu viesse para cá. Lá dentro eles ficaram abrigados em segurança", relatou.
Apesar de estar localizada em uma área que costuma sofrer com enchentes, por estar próxima a um córrego, foi a primeira vez, em 40 anos, que a escola teve as dependências internas inundadas, informou a assessoria de imprensa. "A gente sempre enfrenta esse problema nessa região e dá um pavor quando começa [a chover]. Eu moro aqui perto e faço muito esse caminho [de ruas próximas à escola], aqui sempre alaga. Moro em São Paulo há cinco anos, e nunca tinha visto uma chuva como a de ontem", declarou.
A enchente também inundou a sede social do clube de futebol São Paulo. Hoje cedo, garis da prefeitura utilizam jatos de água para retirar a lama que tomou conta das ruas do entorno do clube, onde também está localizada a Escola Visconde de Porto Seguro. Assim como o colégio, o time teve grandes prejuízos com a enxurrada. Parte de um muro de aproximadamente 3 metros de altura, próximo à Rua Floriano Peixoto Santos, caiu e um grande volume de água tomou conta das dependências do clube.
Um espaço de cerca de 150 mil metros quadrados, que faz parte da área social do clube, ficou inundado. "Não tem nem como avaliar o prejuízo agora. Tem uma sala nova de fisioterapia que acabamos de fazer, uma cozinha reformada, as piscinas ficaram todas cobertas. Vamos fazer agora o mais rápido possível o trabalho de limpeza para voltar a atender aos sócios", relatou Roberto Natel, vice-presidente da área social do clube.
As atividades no local serão suspensas por pelo menos dez dias. "Pretendemos concluir antes, mas é o período máximo que precisamos para deixar tudo limpo, com segurança, sem riscos de doenças para as pessoas que frequentam a área social", declarou o vice-presidente. Ele informou ainda que cerca de 4 mil pessoas utilizam os equipamentos desse setor diariamente. A parte do estádio não foi afetada e o jogo previsto para amanhã (16) à noite no Morumbi não sofrerá alterações, segundo Natel.