Acupuntura, homeopatia, remédios derivados de plantas, sessões de eletroestimulação e aulas de tai chi chuan, que até pouco tempo eram práticas de saúde pouco corriqueiras, deram um salto no país nos últimos sete anos, quando os serviços passaram a ser oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A situação começou a mudar em 2006, quando foi elaborada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que agregou a medicina integrativa (o nome correto dado à área) ao sistema. As sessões de acupuntura saltaram de 148,6 mil em 2008, quando o sistema de informações Datasus passou a fazer o monitoramento, para 440 mil em 2012. Já as práticas corporais, que incluem tai chi chuan, pilates e ioga, passaram de 647 mil em 2008 para 3,8 milhões em 2012.
No Paraná, em 2008, foram feitas 822 sessões de acupuntura com agulhas (há outras modalidades, como aquela feita com ventosas). No ano passado, o número subiu para 5,2 mil, quase sete vezes mais que há cinco anos. As práticas corporais, na comparação entre os dois anos, aumentaram de 12 mil para 149 mil.
Em outras especialidades, porém, o estado deixa a desejar, como na de fitoterapia e eletroestimulação. Tais serviços são, em 90% dos casos, oferecidos pela rede básica de saúde, ou seja, pelo município, mas as cidades do interior não têm condições de oferecer as especialidades. Curitiba, por sua vez, deixou de ofertar os fitoterápicos na gestão anterior.
Mais procurados
Entre as especialidades mais procuradas estão justamente aquelas que são mais oferecidas pelos municípios, como a homeopatia e a acupuntura. Em Curitiba, o Ambulatório de Homeopatia existe desde 1992, e a procura tem crescido a cada ano, de acordo com o médico pediatra e homeopata Pedro Lewiski, que atua na rede municipal há 20 anos. Desde então, de acordo com ele, a especialidade tem ganhado cada vez mais aceitação de colegas de outras áreas, como neurologistas, clínicos-gerais, psiquiatras e ginecologistas, que fazem o encaminhamento dos pacientes para o ambulatório.
"Nem sempre o remédio alopata tem eficácia, então nós associamos o tratamento convencional ao homeopático, daí o termo medicina integrativa, pois há uma integração entre as especialidades. E os resultados são muito satisfatórios, pois o remédio é feito na medida para o paciente. As consultas também são mais longas, duram de 45 minutos a uma hora", explica o médico.
No caso da acupuntura, os principais pacientes são idosos, afirma o médico acupunturista Mário Leitão, que atende no Ambulatório de Acupuntura, criado em 2001. "O paciente sai da sessão e já sente a diferença. Não há necessidade de passar no balcão da farmácia, não há efeitos colaterais e o método é seguro, pois o paciente só chega aqui após ter passado por um especialista que faz o encaminhamento."
DescentralizaçãoDesafio em Curitiba é ampliar atendimentos para os bairros
A medicina integrativa em Curitiba, no que se refere às especialidades de homeopatia e acupuntura, está relativamente consolidada, já que os ambulatórios na área existem, respectivamente, desde 1992 e 2001. O desafio da administração municipal é ampliar a oferta, já que hoje o serviço só é oferecido via encaminhamento pelas unidades básicas de saúde no Centro de Especialidades da Matriz, na Rua Doutor Muricy, no Centro. São apenas três homeopatas e sete acupunturistas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em 2014 o órgão pretende descentralizar o atendimento, para que ele deixe de ser ofertado só no Centro. Neste ano, está sendo feito o mapeamento de quantos médicos com residência em Pediatria e Clínica Médica, por exemplo, também são homeopatas e acupunturistas. A partir daí, se iniciará um plano para equipar as 109 unidades básicas de saúde com esses profissionais.
Em relação às outras áreas, como fitoterapia, eletroestimulação e práticas corporais, o superintendente de Gestão da secretaria, Helvo Slomp Júnior, afirma que a previsão é que alguns serviços sejam ofertados em 2014. "Estamos estudando a aquisição de fitoterápicos industrializados que hoje são oferecidos pelo SUS", diz.