Luiz Vieira Rocha, o Luizinho, foi condenado pela participação na morte da estudante Amanda Rossi| Foto: Roberto Custódio/JL

Acusado demonstrou tranquilidade

Vestindo camiseta branca e calça jeans, Luiz Vieira da Rocha, 38 anos, chegou algemado ao Fórum de Londrina por volta das 9 horas de quarta-feira (31).

Rocha está preso há quase quatro anos na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I), depois que Dayane de Azevedo apontou a participação dele no crime.

Sentado entre dois policiais militares, o réu permaneceu tranquilo. De cabeça erguida, ela acompanhou os depoimentos de todas as testemunhas com atenção. Em alguns momentos, Rocha olhava fixamente para a família de Amanda Rossi, sentada na plateia.

Contido em demonstrar seus sentimentos, Rocha não se conteve em dois momentos. Primeiro, ele sorriu para a irmã Ivanice, sentada na primeira fila do plenário, ao entrar no Tribunal do Júri. Depois, ele baixou a cabeça durante a reprodução de uma reportagem no qual o pai dele afirmava acreditar na inocência do filho.

Rocha é acusado de homicídio triplamente qualificado por meio cruel, já que Amanda Rossi foi morta por asfixia, e por motivo torpe, que é a promessa de recompensa.

Segundo a promotoria, ele teria recebido R$ 3 mil pela morte da estudante. A pena para esse tipo de crime varia de 12 anos a 30 anos de prisão.

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Depois de quase 18 horas de julgamento, Luiz Vieira Rocha, conhecido como Luizinho, 38 anos, foi condenado a 19 anos de prisão pela participação na morte da estudante Amanda Rossi. Os jurados acataram os agravantes apresentados pelo Ministério Público (MP) e a sentença foi baseada por homicídio triplamente qualificado: meio cruel, sem chances de defesa da vítima e por promessa de recompensa.

A sessão que começou às 9 horas de quarta (30) se encerrou às 3h30 desta quinta-feira (1º). O réu foi condenado pela maioria dos sete jurados. Como os votos são secretos, pelo menos quatro imputaram culpa a Rocha. O crime aconteceu em 27 de outubro de 2007. O corpo da jovem foi encontrado dois dias depois dentro da casa de máquinas na Universidade Norte do Paraná (Unopar).

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Para os jurados, Luizinho deu cobertura para Alan Henrique e Dayane de Azevedo na execução do crime. Os dois foram condenados em setembro do ano passado a mais de 20 anos de prisão, ao serem considerados os executores. A promotora Suzana Lacerda, responsável pela acusação, avaliou que a sentença ficou dentro do esperado. "A juíza [Elizabeth Kather] considerou menos grave a participação do Luiz no crime em relação aos outros réus. O que considero equânime, já que não teria executado o crime", disse.

A advogada de defesa, Cássia Rocha, afirmou que apresentará ainda nesta quinta-feira (1º) um recurso contra a decisão. Questionada se o fato de ser irmã do réu teria atrapalhado na própria conduta no Tribunal, ela disse que isso "não teve influência." "Agora vamos analisar tudo o que ocorreu nesse julgamento e apresentar recurso."

Página virada

Ao final da sessão, o pai da estudante, Luiz Carlos Rossi, estampou um sorriso. Ele disse que a condenação do terceiro acusado de matar a sua filha colocava ponto final a parte da história. "Agora tem o processo para descobrir quem foi o mandante. O resultado do julgamento de hoje não é uma vitória pessoal minha, mas das pessoas que buscam por Justiça."

O pai da vítima ressaltou que os últimos cinco anos da vida dele foram de muito sofrimento. "É uma tortura física e mental. Para quem nunca teve problemas com a Justiça é uma dificuldade enorme vir num lugar como esse [Tribunal]".

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Debates

Passava de 12 horas de julgamento quando o réu foi inquirido pela promotoria e pela defesa. Firme em suas respostas, Luiz Vieira Rocha afirmava que não "tinha nada para confessar". Ele chegou a insinuar que pessoas ligadas à universidade estariam pagando para que continuasse preso.

A declaração foi embasada na troca constante de advogado. A irmã foi a décima defensora do réu. "Acho que tem alguém pagando para os advogados pararem de defender. Já que poucos recursos foram apresentados contra a minha prisão", disse. O argumento foi contestado pela promotoria, que apresentou a negativa da Justiça para pelo menos quatro pedidos de habeas corpus.

Durante os debates, a promotora Suzana Lacerda usou contradições em trechos de depoimentos prestados por Luizinho para colocá-lo como partícipe do crime. Entre os pontos controversos, o fato de ele ter falado que não teria entrado na Unopar no dia do crime, depois uma irmã relatar o contrário e a negativa durante a sessão de julgamento. "Ele está mentindo para tentar se eximir dos fatos. Porém, o elo entre a Dayane e o Alan é o próprio Luizinho. Ele só não sujou as mãos de sangue, mas estava lá [na universidade no dia do crime]", disparou.

A promotora ainda apontou Luizinho como o intermediário entre o mandante e os executores. Segundo ela, esse fato teria evitado a presença de vestígios do réu na casa de máquinas, onde o corpo foi encontrado.

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Mesmo sem provas materiais contra o réu, a advogada de defesa Cássia Rocha não conseguiu convencer os jurados na inocência do irmão. Em alguns trechos de sua argumentação, a defensora tentou desqualificar a investigação realizada pela Polícia Civil, que resultou na prisão de Luizinho. "A investigação é dúbia, confusa e tendenciosa. Não foram apresentadas provas contra os três, nem sequer uma imagem deles na Unopar no dia do crime."

Por volta das 2 horas, o cansaço ficou evidente na fisionomia dos jurados. Um quase chegou a cochilar e teve que recorrer a um copo d’água para permanecer acordado. Com o fim dos debates, o conselho de sentença se reuniu e decidiram – em votação secreta que durou menos de dez minutos – pela condenação de Luiz Vieira Rocha.

Rocha continuará preso na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I), onde está há quase quatro anos, desde que foi detido em dezembro de 2008.