Agricultores da zona rural de Teresópolis, na região serrana do Rio, acreditam que só conseguirão retomar a produção de alimentos em três meses. O tempo de espera pode ser ainda maior, pois a falta de energia elétrica em bairros como Venda Nova e Sebastiana impede o funcionamento de sistemas de irrigação. Depois que postes forem recuperados e a eletricidade for religada, será possível começar a recuperar as plantações, mas as próximas colheitas só devem ser feitas 90 dias depois.
A prefeitura estima que 80% da produção do município tenha sido prejudicada. Os lavradores relatam, no entanto, que os campos que resistiram às enxurradas e deslizamentos podem ser perdidos, uma vez que máquinas e equipamentos também foram danificados pela água e pela lama. "Cada dia sem luz e sem os equipamentos é um dia a menos de trabalho. Além disso, o que sobrou nas lavouras se perde com o tempo, pois não há irrigação. Se a energia demorar para ser religada, podemos não ter mais nada daqui a um mês", avalia David Silveira Barbosa, do Sindicato de Trabalhadores Rurais do município.
As estradas danificadas e pontes destruídas representam outra dificuldade para os pequenos produtores. Caminhões não conseguem passar por algumas localidades, o que impede a distribuição de alimentos. Duas fábricas situadas na região precisam pegar desvios de quase 30 quilômetros para entregar seus produtos. Máquinas da prefeitura e do Estado tentam recuperar as estradas. A montagem de uma ponte metálica pelo Exército em Sebastiana também deve facilitar a circulação de veículos, mas a situação ainda é crítica em diversos pontos.
A 34 quilômetros do centro de Teresópolis, com acesso precário a serviços públicos, os próprios agricultores pegaram enxadas para tentar retirar a terra das pistas. Um morador precisou operar um trator, emprestado por um empresário, para trabalhar em um ponto em que as autoridades ainda não haviam chegado.
A reconstrução das estradas e a retomada da energia elétrica seria apenas o primeiro passo para a recuperação da zona rural de Teresópolis. Muitos produtores ainda estão com campos encharcados e precisam esperar que a terra seque para retomar qualquer atividade. Além disso, alguns lavradores ainda correm o risco de perder suas casas.