O termo farofeiro surgiu no Rio de Janeiro em meados do século 20. No livro “A Condição Urbana: ensaios de geopolítica da cidade”, o geógrafo brasileiro Paulo Cesar da Costa Gomes conta que alguns banhistas eram identificados dessa forma não só porque vinham de longe e traziam comida. “Eles também eram chamados assim por terem um comportamento de sujarem a areia, o que parecia estranho aos frequentadores habituais”, descreve.
Para Thãina de Medeiros, membro do Coletivo Papo Reto, um grupo independe de mídia localizado no Complexo do Alemão, a palavra ganhou mais destaque na década de 80, quando o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, permitiu que ônibus saindo da zona norte chegassem à zona sul, que concentra praias badaladas, como Copacabana, Ipanema e Leblon.
Naquela época, um carioca chamado João Batista de Melo, que se identificava apenas como “suburbano/favelado da Cidade Alta e farofeiro”, criou o manifesto do farofeiro. No texto, ele dizia: “somos farofeiros porque aprendemos a valorizar os nossos minguados salários. Em vez de nos submetermos à exploração do comércio local, que pelo seu preço parece que foi criado exclusivamente para turistas estrangeiros, preferimos os lanches feitos em nossa casa”.
Nos últimos anos, Medeiros e seus companheiros do Coletivo Papo Reto vêm tentando dar outro significado ao termo por meio de eventos nas praias do Rio de Janeiro, chamados Farofaços. Na edição de 2015, por exemplo, eles se reuniram na Praça General Osório, em Ipanema, com comida, cangas e pandeiros para o pagode. “Nós temos conseguido cada vez mais apoio da população à nossa causa”, conta, em entrevista via Facebook.
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