"Obrigado!", respondem em uníssono todos os que trabalham no recinto, mesmo que muitas vezes não tenham visto o rosto do benfeitor. É a reação ao aviso, vindo do balcão, de que alguém contribuiu voluntariamente para um ganho extra dos funcionários. É a caixinha de Natal, instituição tradicional na grande maioria dos estabelecimentos comerciais das grandes cidades durante o fim de ano. A pequena caixa geralmente embrulhada com papel de presente e com uma fenda no topo para receber moedas e notas dobradas está lá, em algum lugar próximo ao balcão. Em Curitiba, porém, a generosidade natalina com os funcionários de cafés e restaurantes acontece quase que exclusivamente como uma cerimônia de preservação da tradição.
Elisangela Keppel, garçonete do clássico Café Avenida, na Boca Maldita, diz que quase todo o dinheiro da caixinha vem da clientela tradicionalíssima do lugar. "Quem dá mais são nossos velhinhos. A grande maioria mora aqui pelo centro", conta. A atendente de caixa Mara dos Santos, que trabalha no Avenida há oito anos, diz que a caixinha fica no balcão de novembro até o dia 24 de dezembro, e que, feita a partilha, dá cerca de R$ 200 para cada funcionária. O dinheiro é quase sempre usado para comprar presentes de Natal, segundo ela. Entretanto, Mara sabe que a situação do Avenida é exceção.
De fato, não muito longe dali, os funcionários de outro café não tem a mesma sorte. No pote de Natal do Cantatacafé, na Rua Ébano Pereira, três moedinhas tilintam na porcelana. "Dá pra tirar de R$ 1,50 a R$ 3 por dia", conta a atendente Carla Santos, de 18 anos. A caixinha fica no balcão o ano todo, mas quem mais contribui são os turistas que passam por ali, no caminho entre o Hotel Bourbon e o Palácio Avenida. "Dia desses um americano deixou R$ 12 aqui. Às vezes deixam até mais, mas curitibano não dá muita gorjeta", diz.
A verdade é que a tradição da caixinha está diretamente relacionada à moribunda cultura da gorjeta, como qualquer garçom de outros tempos pode confirmar. "Antes davam bem mais", lembra Dino Chiumento, visto no Bar Stuart desde 1950. Ele conta que só quem é cliente habitual deposita dinheiro na caixinha do restaurante, que é anual e aberta no mês de janeiro. "Mas a gente faz um vale e gasto dinheiro antes, no Natal."
Uma andança pelas principais galerias comerciais do Centro de Curitiba em busca das caixinhas de natal pode ser uma tarefa frustrante. "A gente não tem mais, desde que roubaram a do ano passado", conta um porteiro da Galeria Lustosa, que liga a Marechal Deodoro à Rua XV.
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