Exames de DNA não servem apenas para diagnosticar os riscos de determinada pessoa desenvolver um câncer. Hoje, os chamados testes de mutação genética que custam cerca de R$ 6 mil já conseguem calcular a probabilidade de mais de 2 mil doenças surgirem ao longo da vida do paciente. Anteontem, a atriz americana Angelina Jolie anunciou que retirou as duas mamas de forma preventiva após um exame desse tipo apontar risco de 87% de desenvolvimento de um tumor.
Na lista de doenças detectáveis estão desde os mais comuns tipos de tumores malignos, como câncer de mama e de próstata, até síndromes pouco conhecidas, como doença de Huntington (que provoca perda dos movimentos) e outras extremamente temidas, como Alzheimer.
Incuráveis
Mas a descoberta nem sempre funciona como aliada. Em alguns casos, conhecer o risco de ficar doente não significa necessariamente uma chance de evitá-lo. Mais comum entre pessoas com idade superior a 70 anos, o Alzheimer, por exemplo, é uma doença degenerativa incurável e impossível de ser prevenida. Tratamentos atuais conseguem, quando há sucesso, retardar a evolução da doença, que provoca confusão mental, alterações de humor, falhas na linguagem e perda de memória. Essa falta de perspectiva leva especialistas a desaconselhar a realização do teste.
O coordenador do Departamento de Aconselhamento Genético do Hospital Sírio-Libanês, Bernardo Garicochea, diz que o paciente que opta por pesquisar seu DNA deve ter consciência das consequências. Há laboratórios que exigem a assinatura de um termo de responsabilidade. "Isso ocorre porque em muitos casos não há o que fazer com a informação. Só se identifica o risco e mais nada. Então para que saber?"
Garicochea ressalta que o teste é um grande avanço, mas deve ser bem usado. "Nos Estados Unidos, a recomendação oficial é só testar genes que podem dar um auxílio ao paciente. Aqui, funciona do mesmo jeito."
Para identificar probabilidades de desenvolver câncer, os resultados são eficientes. Hoje, quase todo tipo de tumor que pode ter causa genética já está mapeado. Isso quer dizer que o paciente que submeter seu DNA a teste poderá saber se tem ou não risco de sofrer de câncer de estômago, tireoide, intestino e pele, por exemplo.
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