Major que ordenou diligência é transferido
O subcomandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), com sede em Jacarezinho, major Luiz Francisco Serra, foi transferido de suas funções na quarta-feira (12).
O oficial era o responsável pelo 2º BPM porque o comandante, tenente-coronel Antônio Carlos de Morais, está em férias.
O comando-geral da Polícia Militar disse, por meio da sua assessoria de imprensa que a transferência do major não tem nenhuma relação com as denúncias em Jacarezinho.
A principal testemunha da perseguição de uma viatura da Polícia Militar (PM) a uma motocicleta no dia 30 de janeiro em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná, e que terminou em um grave acidente, disse na terça-feira (11), que está sendo ameaçado por policiais militares. O estudante, um adolescente de 17 anos, afirmou que está sendo coagido a não revelar o que viu à imprensa e muito menos depor sobre o caso.
O menor de idade é a única testemunha ocular da colisão que deixou gravemente ferido o estoquista Fábio Júnior Brandão dos Santos, de 19 anos, que teve a sua perna esquerda amputada em virtude dos ferimentos que sofreu. A vítima retornava do trabalho para casa em uma motocicleta que estava em nome de um parente quando começou a ser perseguido por uma viatura da Polícia Militar. Próximo a casa do rapaz, o carro se chocou com a motocicleta e acabou passando com uma das rodas sobre a perna da vítima. Apesar dos ferimentos, Santos já teve alta hospitalar e se recupera do acidente em casa.
O adolescente disse que, ainda no dia do acidente, já tinha sido ameaçado porque questionou os próprios policiais que estavam na viatura sobre a forma com que pararam a motocicleta. "Estava segurando a cabeça do rapaz e questionei os dois (policiais) pelo que tinham feito. Eles me mandaram sair do local e disseram que eu estava 'falando demais'". Dois dias depois ele teria recebido outra ameaça, desta vez de outros PMs. "Me abordaram na esquina de casa e disseram que se eu depusesse a favor do Fábio (a vítima) 'iria arrumar para você' (sic)", completa.
No entanto, a ameaça mais grave, segundo ele, aconteceu na quinta-feira (6), por volta das 15h30. Segundo a testemunha, dois policiais da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) invadiram o quintal da casa onde mora com sua família, mandaram que ele deitasse no chão, pisaram em seu pescoço e colocaram uma arma calibre 12 no seu rosto. "Eles disseram que eu tinha a língua muito solta. Fizeram isso porque sabem que eu vi como o acidente aconteceu". A invasão à casa teria acontecido sem mandado judicial.
Os dois policiais também teriam discutido com o avô da testemunha, um homem de 70, que questionou a ação truculenta dos policiais. Um terceiro policial também esteve no local, mas segundo o adolescente ele não teria entrado no local, assim como não teria feito ameaças.
A mãe do adolescente, que não estava em casa no momento da relatada invasão, disse que o filho está nervoso e temendo pela própria vida desde o incidente. A mulher quer proteção ele. "Eles invadiram a casa. Tinha mais duas crianças pequenas e meu pai, um homem de 70 anos. Não respeitaram ninguém", conta.
Segundo a mãe do adolescente, eles invadiram a sua casa sob a alegação que havia drogas no quintal, só que não encontraram nada de ilegal. Para ela, o argumento da presença de drogas seria uma forma de justificar a invasão e as ameaças.
PM vai investigar acusações
O subcomandante do 2º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Jacarezinho, major Luiz Francisco Serra, disse na terça-feira que vai determinar a abertura de uma "diligência preliminar" para investigar as acusações contra os policiais que teriam ameaçado a testemunha do acidente.
Segundo ele, o procedimento dará mais agilidade à apuração das denúncias. O prazo para a conclusão da diligência é de cinco dias e, caso confirmadas as ameaças, os policiais poderão ser punidos com advertências ou até exclusão dos quadros da PM. O subcomandante também não excluiu a possibilidade de abrir um novo inquérito militar para investigar a conduta dos soldados acusados.
O major Serra, juntamente com o tenente Renan Douglas Pereira, que preside o inquérito militar aberto para investir o acidente, pretende ouvir a testemunha nas próximas horas. Eles querem saber se, além das ameaças, os policiais cometeram abuso de autoridade e invasão de propriedade. Ambos não descartaram a possibilidade dos dois policiais serem afastados preventivamente enquanto são investigados.
Porém, o comando da PM não soube informar se no dia e hora da possível ameaça os policiais atenderam alguma denúncia de tráfico de drogas no endereço da testemunha. A Polícia Militar pretende averiguar os registros do dia 30 para comprovar a denúncia.
A reportagem também tentou ouvir os dois policiais suspeitos, mas como ambos estão envolvidos em uma investigação, não estão autorizados a falar.
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