Uma amiga de Graciele Ugulini, madrasta do menino Bernardo Boldrini, 11, assassinado em abril deste ano no interior do Rio Grande do Sul, disse em audiência realizada nesta quarta-feira (3) que a madrasta e o pai do garoto queriam "se livrar" dele.
A testemunha mora em Redentora, cidade vizinha ao município de Coronel Bicaco (a 352 km de Porto Alegre), onde foi realizada a audiência e onde Graciele morou no passado.
A amiga disse que recebeu a visita de Graciele dois meses antes do assassinato de Bernardo. A madrasta do garoto teria dito a ela que o comportamento de Bernardo era "difícil" e que o casal estava decidido a "se livrar" dele, segundo informou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
De acordo com a testemunha, Graciele falou que "se Leandro tivesse um sítio com um poço já teria feito isso [se livrar de Bernardo] há muito tempo".
Em resposta, a amiga diz ter sugerido que o casal delegasse à avó materna de Bernardo os cuidados com o garoto, além de acompanhamento psicológico para ele.
Graciele teria respondido que a avó "desistiu" do neto pelo mau comportamento do garoto, assim como "os psicólogos também teriam desistido de tratar o menino", de acordo com informações do TJ.
A amiga da madrasta contou que Graciele costumava mentir e exagerar no que falava, por isso não teria reportado à polícia o que ouviu.
A testemunha também disse, segundo o tribunal, que Graciele "sonhava em se casar com um homem rico, de preferência um médico".
Graciele é casada com o médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo. Eles viviam em uma casa em Três Passos (a 389 km de Porto Alegre). O casal está preso desde 14 de abril, quando o corpo do garoto foi encontrado enterrado em Frederico Westphalen, município vizinho.
Segundo a polícia, a mãe de Bernardo, Odilaine Uglione, se suicidou em fevereiro de 2010. Entretanto, depois da divulgação do vídeo do celular de Leandro Boldrini, que foi recuperado pela perícia e apresentado na audiência de 26 de agosto, a avó de Bernardo quer que a investigação da morte da filha seja reaberta.
Para o advogado Marlon Taborda, que representa Jussara Uglione, avó de Bernardo, a gravação tem pistas que indicam que a mãe do garoto foi assassinada.
Na gravação, Graciele diz a Bernardo que ele "vai ter o mesmo fim da mãe". Para Taborda, a afirmação é uma "confissão" e desmonta a versão de suicídio.
Outros vídeos foram divulgados e mostram Leandro Boldrini provocando Bernardo e o perseguindo pela casa enquanto ele pede para não ser filmado. O garoto chega a se defender com um facão.
Após a primeira audiência do caso, amigos de Bernardo começaram a planejar um jardim em homenagem a ele.
Relembre o caso
O corpo de Bernardo Boldrini foi encontrado no dia 14 de abril dentro de um saco plástico em um matagal em Frederico Westphalen.
O pai de Bernardo nega participação no crime, e a madrasta diz que a morte foi acidental, após erro na dosagem de um calmante dado por ela ao enteado.
Já Edelvânia Wirganovicz afirma que ajudou Graciele a ocultar o corpo do garoto após sofrer "pressão psicológica". Evandro Wirganovicz nega participação no crime. Os quatro estão presos.
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