A Delegacia de Homicídios (DH) vai começar, na sexta-feira (4), a ouvir as testemunhas arroladas pela defesa do ex-comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins. A expectativa dos advogados é de que os depoimentos comprovem álibis já sugeridos. Martins é suspeito de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco, entre agosto de 2010 e janeiro deste ano.
Segundo o delegado Cristiano Augusto Quinta dos Santos, responsável pelas investigações, quatro testemunhas apontadas pela defesa devem prestar depoimento na sexta. As oitivas serão conduzidas pelo próprio delegado e acompanhadas pelos advogados de Martins. Como as pessoas vão ser ouvidas na condição de testemunhas, elas não poderão se negar a responder nenhuma pergunta, sob pena de falso testemunho.
?O objetivo das investigações não é incriminar ninguém e, sim, levantar provas e descobrir a verdade dos fatos. Por isso, as pessoas apontadas pela defesa serão ouvidas?, explicou o delegado.
Na próxima semana, a polícia pretende concluir a tomada de depoimento das testemunhas de defesa, ouvindo mais nove pessoas arroladas pelos advogados. As oitivas da semana que vem devem ser divididas em dois dias. ?Após esses depoimentos, dependemos apenas do recebimento dos exames de balística para concluir os inquéritos?, disse Quintas dos Santos.
A perícia está sendo realizada pelo Instituto de Criminalística (IC). O trabalho é completo e dividido em duas etapas: na primeira, são elaborados laudos do local em que cada um dos cinco ataques atribuídos ao coronel ocorreram. No segundo momento, esses exames são cruzados, comparando os projéteis, cápsulas e tipos de armas usados nos crimes.
O caso
O coronel Martins é considerado suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas morreram e cinco foram baleadas, totalizando 14 vítimas. Os crimes ocorreram entre o dia 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Todos os atentados foram cometidos no bairro Boqueirão, próximo ao local onde o filho de Martins foi assassinado, em outubro de 2009. Os ataques começaram depois que dois usuários de drogas, suspeitos de ter matado o filho do coronel, foram postos em liberdade. Segundo a polícia, nenhuma vítima dos ataques tem qualquer relação com a morte do rapaz.
O ex-comandante dos Bombeiros foi preso no dia 28 de janeiro. Dias depois da prisão, a polícia realizou uma seção de reconhecimento, das quais participaram nove pessoas ? entre sobreviventes e testemunhas. A DH confirmou que houve reconhecimento, mas não divulgou o resultado do procedimento.
A Vara de Inquéritos Policiais chegou a negar um pedido de revogação de prisão, apresentado pela defesa do coronel. No dia 16 de janeiro, no entanto, Martins foi posto em liberdade, depois que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) deferiu um habeas corpus, com pedido de liminar. O ex-comandante ficou preso por 19 dias.
Veja o que Martins disse quando foi libertado
Veja o mapa com a localização de cada crime