Moradores da Vila da Rocinha, onde ocorreram cinco ataques atribuídos ao ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, o coronel reformado Jorge Luís Thais Martins, voltaram a sofrer ameaças. O coronel é suspeito de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco, entre agosto de 2010 e janeiro deste ano.
As ameaças relatadas em depoimento teriam ocorrido na semana passada. Homens que passaram em um carro preto teriam ido ao bairro e deixado um recado às testemunhas. Uma das pessoas ameaçadas já havia prestado depoimento e relatado que viu o coronel rondando a Rua Cleto da Silva, no bairro Boqueirão, dias antes de um duplo homicídio ocorrido em 14 de janeiro. O ex-comandante é suspeito de ter cometido o crime. O depoimento da outra pessoa ameaçada não foi revelado por questões de segurança.
Não foi a primeira vez que moradores da Vila da Rocinha relataram intimidações. Na madrugada de 28 de janeiro mesmo dia em que Martins se apresentou à polícia , testemunhas contaram que homens encapuzados chegaram em um carro e abordaram as pessoas, deixando um recado: "O coronel manda lembranças".
Na próxima semana, o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos, da Delegacia de Homicídios, deve ouvir os policiais que atenderam os crimes dos quais o coronel é suspeito. A suposta participação de policiais nos ataques começou a ser investigada depois que testemunhas apontaram que PMs recolheram cápsulas da cena de um crime ocorrido no dia 1.º de janeiro deste ano. Na ocasião, o taxista Luciano Vecchi e Vanusa Ageletti, que seria usuária de drogas, foram assassinados.
A defesa de Martins protocolou ontem um ofício junto ao Ministério Público do Paraná, pedindo que os crimes atribuídos ao ex-comandante passem a ser investigados pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). "A Delegacia de Homicídios não tem condições de fazer esta investigação, porque [o caso] envolve pessoas ligadas à segurança pública", disse o advogado Elias Mattar Assad.
Martins é considerado suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas morreram e cinco foram baleadas, totalizando 14 vítimas. Os crimes ocorreram entre o dia 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Todos os atentados foram cometidos no bairro Boqueirão, perto do local onde o filho de Martins foi assassinado, em outubro de 2009. Martins foi preso no dia 28 de janeiro.