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ensino superior

Timidamente, cursos tecnólogos avançam

As graduações em tecnologia têm avançado no Brasil, mas ainda estão longe de ultrapassar os tradicionais bacharelados. Em dez anos, de 2002 a 2011, o ingresso de estudantes em cursos tecnólogos saltou quase dez vezes, indo de 38,4 mil para 415 mil. Já a oferta de vagas em licenciaturas e bacharelados cresceu apenas 40% no período, mas, juntas, as duas modalidades ainda somam mais de 80% dos ingressos nas universidades brasileiras. De acordo com o Ministério da Educação, em 2012 o país contava com 5.969 cursos tecnólogos, o que representa 19% do total de graduações.

Na avaliação do especialista em Gestão Educacional Renato Casagrande, o número ainda é pequeno perto de países desenvolvidos, como a Bélgica, onde a formação de nível de tecnólogo supera os bacharelados. Segundo ele, isso é fruto de uma visão deturpada difundida à época da implantação da modalidade de ensino por aqui, no final dos anos 90. "Muitas instituições foram oportunistas e venderam o modelo como supletivo de um bacharelado, para atrair jovens sem renda suficiente para as graduações onerosas. Isso ajudou a ampliar o preconceito em relação a cursos de baixa duração."

Com duração máxima de três anos – alguns chegam a ser concluídos em 24 meses –, os cursos tecnólogos têm a vantagem de ter uma grade mais prática e focada em uma área de competência específica. "Um bacharelado em administração, de quatro anos, tem umas 300 horas basicamente de finanças, ou 10% da carga horária total. Se a pessoa fizer uma especialização na área, ganha mais 360 horas. Um curso tecnólogo de finanças, por exemplo, tem 1,5 mil horas só sobre o assunto", detalha Renato Casagrande.

O pró-reitor adjunto de graduação e educação profissional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Carlos Henrique Mariano, ressalta que os cursos de tecnologia são uma tendência, mas não vieram para substituir as graduações tradicionais. Atualmente, dos 97 cursos de nível superior oferecidos pela UTFPR, apenas 26 são tecnologias contra 42 engenharias. "O mercado é bom desde que o curso esteja focado em áreas que não sombreiem com tradicionais, como um tecnólogo em eletricidade e uma engenharia elétrica. Nosso curso de radiologia é um exemplo: não existe uma graduação similar."

O diretor do Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR – que oferece 12 cursos em tecnologia –, Luiz Antonio Passos Cardoso, acrescenta que, embora focados no mundo do trabalho, os tecnólogos são diferentes dos cursos técnicos de nível médio, porque preveem um conhecimento mais profundo. "Digo para meus alunos que a vantagem em relação aos bacharelados é ganhar dois anos para seguir na carreira acadêmica. Um bacharel em ciência da computação leva cinco anos para se formar. Um tecnólogo leva três e, em mais dois, ele é mestre."

Modalidade ainda tem espaço a conquistar

O professor Carlos Henrique Mariano, pró-reitor da UTFPR, explica que a vocação principal das graduações em tecnologia é adaptar suas grades curriculares à demanda do mercado, o que ainda não acontece. "Se a área estiver saturada, o curso se modifica. Esse é o desafio, a teoria do curso, que lá pela quinta turma seja outro curso, porque o mercado mudou."

No curso de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, da UFPR, por exemplo, é comum que estudantes arrumem emprego, ao passar do segundo para o terceiro ano. "Se o aluno for aplicado, encontrará mercado", garante Luiz Antonio Passos Cardoso.

Entre as desvantagens, acrescenta Carlos Mariano, está a ausência de um piso salarial definido para os tecnólogos, o que provoca uma grande variação nos valores pagos, dependendo da empresa. "Existe muita dificuldade, porque eles não têm um conselho. Para algumas áreas tem o Crea, mas que é de engenheiros, então, tem essa limitação em atribuições profissionais."

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