Em meio ao impasse das negociações para aprovar a CPMF, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde enxergou uma janela de oportunidade para minar a proposta de reduzir a alíquota do imposto. Trata-se de trocar essa idéia, colocada na mesa para seduzir senadores, por outra: elevar a parcela da arrecadação da CPMF destinada à saúde, o que seria feito por meio de emenda ao projeto que está no Senado. Osmar Terra (PMDB), presidente do conselho e secretário do governo gaúcho, argumenta que a proposta de reduzir a alíquota deixou claro que há "gordura suficiente" para aumentar o gasto com saúde. "Isso certamente ajudaria a conquistar votos hoje contrários à prorrogação", afirma. Apresentado à idéia, o ministro José Temporão se mostrou interessado.

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A dois – Defensor não-declarado porém ardoroso da prorrogação do imposto do cheque, o governador José Serra aproveitou a ida ao encontro do PSDB, em Brasília, para ter uma reunião com Temporão na noite de quinta.

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Divisão de tarefas – De Lula para um governador tucano, sobre as negociações para aprovar a CPMF: "Fala pro Serra que com os senadores paulistas eu me entendo. Mas se ele ajudar a conseguir votos em outros Estados é bom".

Passaredo – Cássio Cunha Lima disse na convenção que os tucanos não podem agir como "emas" na prorrogação da CPMF, à qual ele é favorável. O secretário-geral do partido em São Paulo, César Gontijo, respondeu ao governador da Paraíba: "Também não podemos ser papagaios e repetir tudo o que quer o Planalto".

Papo em dia – Serra e Alckmin voaram juntos para Brasília e de volta para SP.

Trator – O governador Blairo Maggi (MT) "garantiu" a Lula todos os votos do PR – inclusive o do indócil Expedito Filho (RO) – para a CPMF.

Nada feito – Dois emissários do governo foram ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, tentando convencê-lo a apresentar a denúncia do valerioduto mineiro só depois da aprovação da CPMF no Senado. "Não deu certo", comentava um palaciano anteontem, na troca da guarda de Walfrido Mares Guia e José Múcio.

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Abafa 1 – A divulgação do balanço trimestral da Caixa Econômica Federal, com acanhado lucro de R$ 62,5 milhões (89% inferior ao de 2006) foi precedida de adiamentos sem justificativa e marcada pela ausência da presidente, Maria Fernanda Ramos Coelho, e dos principais vice-presidentes – sempre presentes quando os números são bons.

Abafa 2 – Os dados ainda foram maquiados. Em vez dos números do trimestre, foi apresentado o período que vai de janeiro a setembro. Contrastando com esse resultado, o Banco do Brasil lucrou R$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre.

Fogo amigo – Alguns petistas torceram o nariz para a indicação de Henrique Fontana (PT-RS) para liderar o governo na Câmara pelo fato de o deputado ser próximo demais de Tarso Genro. Boa parte dos insatisfeitos está no antigo Campo Majoritário do PT.

Andou – A denúncia contra Severino Cavalcanti (PP-PE) foi aceita. A 10.ª Vara Federal de Brasília abriu processo por concussão contra o ex-presidente da Câmara pela cobrança de mensalinho do concessionário de um restaurante da Casa, Sebastião Buani.

Corte – O príncipe Felipe, filho do rei da Espanha, Juan Carlos, que mandou Hugo Chávez calar a boca, confirmou presença na posse de Cristina Fernández na Argentina, dia 10. O encontro com o presidente venezuelano deve ser inevitável, já que este não costuma faltar a tais eventos.

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Lenha – José Sarney (PMDB-AP) falará em simpósio sobre América Latina em Nova Iorque, dia 30. Hugo Chávez será o alvo do senador.

TIROTEIO

* Do deputado PAULO PIMENTA (PT-RS), um dos primeiros a apontar o valerioduto mineiro, sobre o senador Eduardo Azeredo, que classificou a denúncia do procurador-geral como fruto de "pura imaginação":

– Estranha a lógica dos tucanos. Quando o PT é acusado, o caso vira "o maior escândalo da história". Se o alvo é o PSDB, tentam transformar em história da carochinha.