A Justiça negou ontem o pedido de habeas corpus do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto. Ele está preso temporariamente desde a última terça-feira por suspeita de envolvimento com a exploração de jogos de azar em Curitiba e região. A decisão está disponível no site do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). A investigação feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) corre sob sigilo judicial.
O pedido de soltura foi indeferido pelo desembargador Renato Naves Barcellos, da 11.ª Vara Criminal. Ele considerou que a prisão temporária de Michelotto está "amparada na presença de indícios de participação do paciente na consecução dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e prevaricação". O magistrado assinala ainda que as provas colhidas até agora evidenciam "a real possibilidade de cometimento do delito de formação de quadrilha".
Além de Michelotto, foram presos na mesma operação o delegado Geraldo Celezinki, dois investigadores, cinco policiais militares e outras quatro pessoas que não são agentes públicos. Segundo o despacho do desembargador, a investigação sinaliza um "conluio" do então delegado-geral com os outros policiais "na consecução de delitos contra a administração pública, atrelados diretamente à exploração de jogos de azar (através de máquinas caça-níquel)".
"Mansão-cassino"
A investigação do Gaeco começou em janeiro de 2012 após policiais civis descontentes com as condições de trabalho invadirem um casarão no bairro Parolin, na capital, que funcionava como cassino clandestino. Há suspeitas de que o local também era usado para prostituição.
A Corregedoria da Polícia Civil chegou a investigar a "mansão-cassino", mas, depois de um ano da operação, concluiu que não havia nenhuma irregularidade. Para o desembargador, no entanto, o então delegado-geral "não somente se omitiu no combate à empreitada criminosa, mas, ainda, integrou a logística que culminou por dificultar a conclusão da operação voltada a coibir a atividade ilícita".
Defesa
O advogado Rodrigo Sánchez Rios, que compõe a defesa do ex-delegado-geral, refuta qualquer relação de Michelotto com o jogo ilegal, mas destacou que acata a decisão judicial. "Temos que respeitar a decisão do TJ-PR e vamos pensar que medida podemos tomar agora", disse.
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