Intolerância
Regime nazista pregava a "purificação" da raça alemã
A Alemanha nazista de Adolf Hitler, imersa na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ampliou a perseguição aos judeus a partir de 1941. No entanto, em 1935, dois anos após o partido nazista assumir o poder, começaram os afastamentos e proibições de certos trabalhos aos judeus. Era a "purificação" nazista do Estado alemão.
Em 1938, período em que Hitler anexou a Áustria à Alemanha, judeus foram proibidos de frequentar bibliotecas públicas. Em 9 de novembro ocorreu a Noite dos Cristais, com ataques generalizados contra judeus e sinagogas.
No ano seguinte, a invasão do exército alemão à Polônia sacramentou o início da Segunda Guerra Mundial. A partir daí, o holocausto ganhou novas proporções. As casas dos judeus passaram a ser confiscadas e alguns deles foram obrigados a desempenhar trabalho forçado aos alemães.
Entre 1941 e 1942, o plano nazista de exterminar todos os judeus europeus começou a ser praticado. Câmaras de gás, fabricadas pelos próprios judeus, foram utilizadas. A perseguição espalhou-se por toda a Europa ocupada pelos nazistas e envolveu fuzilamentos em massa e campos de concentração e extermínio, que eram a base da "purificação da raça alemã" idealizada pelo ditador Hitler.
Somente em 1945, quando as tropas da União Soviética, aliadas ao Reino Unido, Estados Unidos e França, invadiram o campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polônia, é que o holocausto teve seu fim anunciado.
Memória
Diário de Petr Ginz relata horrores de campo de Auschwitz
Petr Ginz nasceu em Praga, atual capital da República Tcheca, em 1928. Ele é o autor do último grande diário sobre o holocausto. O Diário de Praga 1941-1942 narra uma Tchecoslováquia ocupada pelos nazistas e descreve como se dava a perseguição aos judeus.
Quando ia viajar para o espaço na nave Columbia, em 2003, o astronauta judeu Ilan Ramon levou consigo um desenho feito por Ginz aos 14 anos, que mostrava a paisagem da Terra vista a partir da lua.
No diário há fragmentos de romances, contos, desenhos e poemas. O livro relata também o desaparecimento de amigos e parentes judeus.
Um dos piores massacres da humanidade, que resultou no assassinato de aproximadamente 6 milhões de pessoas, não pode cair no esquecimento. Para Kimberly Mann, diretora do Programa de Holocausto da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2006, o holocausto termo usado para descrever a tentativa de extermínio dos judeus na Europa nazista ainda traz muitas lições ao mundo.
Segundo ela, uma democracia fragilizada impacta diretamente no desrespeito aos direitos humanos. O preconceito, o ódio e a falta de liberdade podem ganhar espaço e provocar tragédias inimagináveis. "Quando não há democracia todo mundo sai perdendo", afirma Kimberly, que esteve nesta semana em Curitiba, onde proferiu palestras sobre o holocausto para a comunidade judaica.
Kimberly vê na educação uma das únicas armas para que a sociedade seja mais tolerante. É exatamente nisso que o programa da ONU trabalha.
Como surgiu e qual o objetivo do programa de Holocausto das Nações Unidas?
O programa foi adotado por uma resolução aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2005. A ideia é manter a lembrança das vítimas do holocausto e proporcionar o ensino para os jovens para evitarmos futuros atos de genocídio.
Há um material educativo preparado pelo programa?
Produzimos materiais didáticos para todos os níveis. Para os mais jovens temos um DVD, com um documentário que conta a história através de um sapato de criança que encontraram em Auschwitz. Para os alunos maiores, com mais de 13 anos, produzimos um DVD sobre a vida de Petr Ginz, um jovem que passou dois anos em campo concentração e morreu em Auschwitz. Tudo o que produzimos foi em seis idiomas: francês, árabe, chinês, inglês, espanhol e russo.
E teremos um material em português?
Em breve, espero que sim. Produzimos agora mesmo uma guia em português para uma conferência que houve em São Paulo. Temos outro guia sobre o holocausto que aborda como os crimes aconteceram com as mulheres. Para universitários e professores, temos um jornal com artigos escrito por educadores, pesquisadores e historiadores.
Por que a necessidade de manter a memória sobre o holocausto viva?
Para os alunos parece que é mais uma história. Temos que fazer compreender que é uma questão de direitos humanos, de combate à discriminação e ao preconceito. É uma questão de respeitar um ao outro.
Como evitar novos crimes de exterminação em massa?
A única maneira de prevenir e de impedir isso é através da educação. Os jovens têm que aprender o que aconteceu no passado. O perigo que é isso. O que é a consequência do ódio e do preconceito. Os jovens têm que aprender e compreender que devem celebrar a diferença em vez de ter medo das diferenças. Isso deve ser feito na escola, na igreja, nos templos, nas sinagogas e em casa.
Como a senhora avalia as novas práticas que tentam resgatar o nazismo? Por que surgem esse grupos?
Realmente não sei. Sei que devemos ficar vigilantes e educá-los. Através de programas como esse, procuramos fazer trabalhos junto a organizações não governamentais (ONGs) e atrair grupos que se envolveram com o holocausto, como, por exemplo, a Justiça. Um dos que já organizei abordou o impacto das leis internacionais após o holocausto, como o Tribunal de Nuremberg. Também discutimos a responsabilidade do governo de proteger os cidadãos em vez de persegui-los.
Há sempre novos fatos a serem descobertos sobre o holocausto?
Incrível como sempre se tem coisa a descobrir. São histórias de coragem. Eu não posso imaginar como eles sobreviveram naquelas condições. É uma vontade de viver e de continuar. E não apenas sobreviveram, mas tiveram sucesso na vida e constituíram família. Era a intenção dos nazistas de matar e terminar com um povo, ferindo toda a cultura judaica. Fico contente em saber que eles não venceram e que ainda existe essa cultura muita rica.
Quais as lições que a humanidade pode tirar do holocausto?
Muitas. As consequências do ódio e do preconceito e o perigo da intolerância. Também sobre a importância da democracia. Quando há um fracasso na democracia, todo mundo sofre, inclusive os direitos humanos. Hitler foi um ditador e com isso todas as pessoas, não somente os judeus, perderam os seus direitos.
O mundo está melhorando na questão dos direitos humanos?
Acredito que sim. Temos organizações como a ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. A própria ONU foi fundada depois dessa tragédia [em 1945], principalmente para proteger os direitos humanos. As ONGs são mais ativas e nas escolas todo mundo compreende que tem que defender os direitos humanos. Todos têm direito à liberdade de crença. Todos têm direito à vida.
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