Com passos curtos e certeiros, ela chegava todas as quartas-feiras para entregar ao diretor de redação da Gazeta do Povo a sua coluna de domingo. Cumprimentava a todos, falava com desconhecidos e até com os chamados "focas" (jornalistas novos). Queria saber tudo o que se passava e deixava a alegria até para os mais estressados.
Quem teve o privilégio de conhecer Juril Carnasciali quer mesmo é homenageá-la, no momento de sua morte, ocorrida na última quinta-feira (28). A jornalista tinha 91 anos.
"Toda quarta-feira aquela senhora educada chegava com a maior delicadeza para entregar a sua coluna. E fazia questão de dizer quais eram as fotos que deveriam receber mais atenção. Influenciada pelo pai, tinha grande paixão pelo jornalismo. Ele a inspirou ao longo de toda a sua vida", lembra a diretora de Unidade de Jornais da GRPCom, Ana Amélia Filizola, que há pouco mais de 20 anos, ao chegar à redação como jornalista, não deixou de perceber a rotina de dona Juril. Apenas no último ano, depois de sofrer uma queda, a colunista deixou de vir pessoalmente à redação.
Quem era colega de profissão, como o colunista Reinaldo Bessa, sabe que a morte dela representa um vazio para o colunismo. "Dona Juril deixa uma lacuna difícil de ser preenchida no jornalismo social do Paraná devido ao seu estilo elegante e caloroso de fazer coluna social", afirma. Bessa se recorda que uma das marcas de Juril era interagir com as personalidades que colocava em sua pagina dominical "O que se passa na sociedade". "Era uma grande personalidade", diz. O ex-colunista social e empresário Carlos Jung explica que Juril era de um tempo em que se ressaltava os valores familiares e sociais. "A cidade era menor e o ambiente era propício. Mas, o sucesso de uma colunista como a dela ela, até hoje, está no fato de se voltar para os personagens locais, pois todos querem saber quem são", diz.
As amigas se emocionam ao lembrar a veterana. "Mulher maravilhosa, mãe, companheira, solidária. Visitou mais de 20 instituições de caridade em Curitiba. Adotou outras tantas. A última vez em que a vi estava preparando uma homenagem para as companheiras que trabalham com filantropia", conta Marialva Pontes, amiga de Juril há 40 anos.
Outra amiga, a empresária Elza Lemanski, do conselho editorial da Gazeta do Povo, destaca a elegância não só na maneira de se vestir, "mas também no trato com os outros", conta. Uma das netas de Juril, Gizela Carnasciali Miró, conta que o momento é dos mais difíceis, "porque somos egoístas e queremos que as pessoas queridas fiquem sempre ao nosso lado." A avó, confidencia Gizela, queria ver as netas sempre arrumadas como ela, e ficava o tempo todo perguntando por que não iam prender o cabelo no salão todos os dias. "Era elegante e cobrava isso das netas." O pedido de Juril, a neta Gizela não esquece: "Dizia que o dia em que morresse queria que o dinheiro que seria gasto com flores fosse usado para comprar cobertores."
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