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Clima instável

Tormenta provoca apagão na capital e assusta curitibanos

64 mil imóveis ficaram sem luz em Curitiba devido a curto-circuitos, como no bairro Vista Alegre | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
64 mil imóveis ficaram sem luz em Curitiba devido a curto-circuitos, como no bairro Vista Alegre (Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo)
Várias quedas de árvores foram registradas. No Centro Cívico, araucária atingiu carro em cheio |

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Várias quedas de árvores foram registradas. No Centro Cívico, araucária atingiu carro em cheio

Alagamento na Rua Ernani Santiago de Oliveira, no Centro Cívico: motoristas e pedestres foram pegos de surpresa pela chuva |

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Alagamento na Rua Ernani Santiago de Oliveira, no Centro Cívico: motoristas e pedestres foram pegos de surpresa pela chuva

Uma tempestade com fortes rajadas de vento e granizo provocou um verdadeiro pandemônio em Curitiba ontem, entre o fim da tarde e o início da noite. Ruas alagaram, árvores caíram sobre pessoas e veículos, e o fornecimento de luz foi interrompido em 64 mil unidades consumidoras. Na região central, a queda de energia desligou centenas de semáforos e formou um gigantesco engarrafamento. Telefones ficaram mudos e os aparelhos de celular perderam o sinal. Placas de publicidade e telhados de imóveis foram arrastados pelo vento. Lojas do Centro fecharam mais cedo devido à escuridão e ao medo de assaltos. Nas estações-tubo, a entrada de passageiros foi liberada sem cobrança devido a uma pane nas catracas.

O céu começou a escurecer por volta das 15h30. O caos se instalou tão logo os primeiros pingos mais fortes de chuva despencaram. A energia caiu logo em seguida. O temporal durou cerca de 25 minutos. Imagens de satélite mostram que a área de instabilidade provocada por uma frente fria passou exatamente pelo Centro da capital. Vidros de janelas quebraram e houve relatos na internet de prédios que chacoalharam. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, os ventos chegaram a 80 quilômetros por hora (km/h) na região central.

Até o fechamento desta edição, a Defesa Civil não tinha um balanço consolidado sobre atendimentos e prejuízos, mas pelo menos 120 ocorrências foram registradas na capital e região metropolitana. Segundo o capitão Taylor Machado, do Centro de Operações dos Bombeiros (Cobom), os atendimentos entrariam madrugada a dentro. A prefeitura de Curitiba estimou que 19 bairros foram atingidos. Os mais afetados foram Mercês, Vista Alegre, Centro, Alto da Glória e Centro Cívico, onde o cenário mais parecia palco da passagem de um tornado.

Quatro pedestres foram socorridos pelo Siate por causa de quedas na calçada, mas não houve registro de nenhum ferido grave. Na Rodoferroviária, onde parte do telhado de zinco foi arrancado pelo vento, três pessoas se feriram. Outros prédios públicos foram afetados.

A prefeitura, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a sede principal do Tribunal de Justiça e a sede das varas da fazenda pública, na Rua Mauá, foram as mais atingidas. Todas ficaram sem luz. No prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade, as atividades foram suspensas.

De acordo com a Copel, o principal motivo do apagão foi a queda de galhos sobre a rede. O fato causou diversos curto-circuitos e desligamentos preventivos.

Interior também sofre com a chuva forte

Tatiane Salvatico, Marcus Ayres e Juliane Gonçalves

Temporais foram registrados também em outras grandes cidades do Paraná. Na Região Noroeste, a chuva causou estragos e deixou muitos moradores sem energia elétrica. De acordo com a Copel, 169,6 mil unidades consumidores (entre residências, empresas e indústrias) ficaram sem luz em Maringá e municípios vizinhas, como Doutor Camargo, Floresta, Ivatuba, Sarandi e Paiçandu.

Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, até as 20 horas havia chovido em Maringá 74,4 milímetros, mais da metade da média histórica prevista para todo o mês de outubro, que é de 135 milímetros. Somente entre as 18 horas e 18h15, choveu 26,2 milímetros na cidade, volume que provocou muitos pontos de alagamento. Houve queda de árvores e congestionamentos.

Inundação

Em Londrina, a chuva também causou alagamentos. Várias vias ficaram intransitáveis. Por volta das 20h30, o Lago Igapó, um dos pontos mais críticos da cidade em termos de alagamento, estava no limite de transbordo. Na BR-369, próximo à PR-445, as duas pistas ficaram alagadas e muitos motoristas ficaram impedidos de passar. Até as 20h50, o Simepar havia registrado 43,4 milímetros de chuva em Londrina. A média histórica para Outubro é de 140 milímetros.

OpiniãoUma lembrança sobre o clima

Guido Orgis, editor-executivo de Vida e Cidadania

A tempestade que cortou Curitiba é um bom lembrete de quanto estamos despreparados para as mudanças climáticas que, como descreveu o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), são inequívocas. O texto foi divulgado na semana passada e elevou o grau de certeza sobre as causas e consequências de um processo de aquecimento da Terra que tende a se acelerar com a inação global para conter as emissões de gases de efeito estufa.

Os especialistas em clima nunca creditam um fenômeno extremo isolado ao aquecimento global. Mas o IPCC declara que esses fenômenos tendem a ficar mais fortes, constantes e imprevisíveis. A tempestade de ontem provavelmente nem entre em uma lista de grandes tragédias climáticas, e muita gente vai lembrar que já houve enxurradas mais fortes ou que provocaram mais estragos na cidade. O fato, porém, é que a previsão de longo prazo para o Sul do Brasil é de que devemos nos acostumar com mais chuvas, muitas delas com força destruidora igual ou maior do que a de ontem.

Faça um exercício de memória. Eventos fortes nos últimos quinze dias? Um tornado no interior de São Paulo, enchente no Rio Grande do Sul e depois em Santa Catarina. No ano? Seca histórica no Nordeste. Nos últimos anos? A enorme tragédia na região serrana do Rio e os desabamentos na Serra do Mar no Paraná.

A conclusão do IPCC é que parte do aquecimento global é fato consumado, não pode ser revertido e já convivemos com seus efeitos. A falta de ação para se reduzirem as emissões de gases do efeito estufa significa que teremos de encarar um clima ainda mais difícil, que exigirá investimentos enormes em adaptação. De coisas simples, como diminuir o porte das árvores nas cidades e proteger fiações elétricas, a investimentos para a retirada de famílias de áreas de risco.

Chuva provoca estragos em Curitiba

A forte chuva que atingiu Curitiba na tarde desta quinta-feira (3) provocou estragos em vários pontos da cidade. Foram registrados alagamentos, quedas de árvores e destelhamentos.

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