Um trabalhador rural que denunciava ações de desmatamento e grilagem (posse ilegal) de terras na Amazônia foi morto a facadas, informou a CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço da Igreja Católica para questões agrárias.
Segundo a CPT da região sul de Lábrea (Amazonas), Raimundo Nonato da Silva Chalub, conhecido como "Rato", foi morto dentro de casa, no último dia 21.
Trata-se, afirma a CPT, da oitava morte relacionada a conflitos fundiários na região desde 2006, e a segunda em 2012. A maioria dos crimes não foi solucionada, o que para a comissão revela indícios do envolvimento de matadores profissionais.O líder sem-terra Adelino Ramos, 57, que pertencia ao MCC (Movimento Camponês Corumbiara), foi morto na mesma região em dezembro de 2011.
Outra morte recente registrada no sul de Lábrea foi a da trabalhadora rural Dinhana Nink, 27, atingida por um tiro de espingarda em março deste ano. A polícia apontou suspeitas de relação com o conflito entre extrativistas e madeireiros na região, mas ninguém foi preso.
A CPT do Sul de Lábrea é administrada pelo padre Fernando Redondo, uma das pessoas ameaçadas de morte na região, classificada como "faroeste amazônico" pela comissão.Em Brasília, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP) cobrou investigações sobre a morte de Chalub ao governo federal. O trabalhador rural era morador de assentamento em área de conflitos entre sem-terra, fazendeiros e grileiros.
Capiberibe cobrou do governo o envio da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança ao sul de Lábrea. "São crimes ambientais e de invasão de terras públicas, além de crimes contra os direitos humanos", afirmou a deputada.