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Trabalhadores bebiam água suja em área de exploração de madeira

Fiscais obrigaram empreiteira a assinar a carteira de trabalhadores como Sérgio | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Fiscais obrigaram empreiteira a assinar a carteira de trabalhadores como Sérgio (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)
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Uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e da Força Verde localizou 21 trabalhadores em condições degradantes em duas fazendas de São João do Triunfo, nos Campos Gerais. Uma poça com folhas e larvas que servia de fonte de água para beber, carne exposta em um varal e espumas sujas usadas como colchão foi o cenário encontrado pelos fiscais. Além disso, vários dos empregados não tinham registro em carteira ou qualquer formalização do contrato de trabalho. Eles passavam a semana em um barraco de chão batido, onde todos dormiam amontoados. "Não havia instalações para as necessidades fisiológicas. Os empregados tinham de ir para o mato", conta Luercy Lino Lopes, procurador do MPT.

A operação ocorreu em uma área de exploração de madeira de reflorestamento, na região de Vitirinópolis, a 12 quilômetros de São João do Triunfo. Os trabalhadores cortavam toras sem equipamentos de proteção. Os fiscais descobriram também que eram praticados descontos ilegais no salário, já que os funcionários estariam pagando por refeições, pelo uso de ferramentas e até pelo combustível das motosserras. Em princípio, o MPT não irá indiciar os proprietários das áreas – apenas os empreiteiros, que compraram a madeira em pé e colocaram os peões para trabalhar. Um adolescente de 17 anos estava entre os trabalhadores. O valor das multas ainda será definido. A Força Verde também encontrou oito pinheiros araucária cortados e aplicou multa de R$ 4 mil.

As empreiteiras firmaram acordo com o Ministério Público e regularizaram a relação trabalhista com os funcionários. Pagaram R$ 1 mil de indenização por dano moral a cada um e mais os valores referentes aos direitos trabalhistas. E juntas destinaram R$ 15 mil, como compensação por dano moral coletivo, que deve ser enviado para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da cidade.

Sem reclamação

Sérgio Prsczjbxcim conta que trabalhava há cinco meses na fazenda e que dormia em casa, sem precisar depender das instalações do alojamento. Ele diz que recebia os salários em dia e que levava comida. "Ninguém reclamava não", conta. Há um ano, o trabalhador já havia sido localizado em outra operação de combate ao trabalho escravo em Balsa Nova, na região de Curitiba. "Como estão acostumados a trabalhar nessas condições, os trabalhadores acham normal o que encontramos. É uma questão cultural", diz o procurador.

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