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Manifestação

Trabalhadores da Araupel mantêm acampamento no Centro Cívico

Manifestantes chegaram na segunda-feira ao Centro Cívico | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Manifestantes chegaram na segunda-feira ao Centro Cívico (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Depois de serem recebidos pelo governador Beto Richa (PSDB) e por deputados na Assembleia Legislativa do Paraná, dezenas de trabalhadores da Araupel decidiram manter, nesta terça-feira (24), a concentração no Centro Cívico, em Curitiba, para pressionar o governo estadual a cumprir uma ordem de reintegração de posse de uma área hoje ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra em Quedas do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná.

Logo no início da manhã da última segunda-feira (23), cerca de mil pessoas – entre funcionários da madeireira e moradores de Quedas do Iguaçu – chegaram a Curitiba para cobrar de Richa uma solução para o conflito agrário. Durante o dia, eles foram recebidos por diversos parlamentares, entre eles Felipe Francischini (SD/PR). O parlamentar Marcio Pauliki (PDT) disse, inclusive, que a Casa deverá abrir uma comissão especial para analisar o assunto.

A concentração de segunda-feira promoveu bloqueios e mudanças nos itinerários de algumas linhas de ônibus. Nesta terça-feira, porém, a situação é diferente. Há dois caminhões estacionados que não atrapalham o trânsito e tendas e barracas armadas no gramado da Praça Nossa Senhora de Salete, em frente ao Palácio Iguaçu. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da Araupel.

Força Nacional

No encontro com os manifestantes, o governador Beto Richa (PSDB) teria se comprometido a reforçar o policiamento na região de Quedas do Iguaçu para que os trabalhadores da madeireira conseguissem ter acesso à matéria-prima necessária para o funcionamento da fábrica. Hoje, as florestas estão plantadas em áreas ocupadas pelo MST. Mais tarde, em nota publicada na Agência Estadual de Notícias (AEN), o executivo estadual informou que havia pedido o apoio da Força Nacional de Segurança ao Ministério da Justiça. A Gazeta do Povo questionou a pasta federal sobre o pedido, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

Apesar do pedido de apoio da Força Nacional, o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra disse que o estado espera um desfecho pacífico para a situação. “Estamos trabalhando para solucionar a questão de forma negociada, evitando um confronto que, de acordo com o setor de inteligência do estado, pode resultar em violência”.

Disputa

Araupel, MST e Incra disputam áreas em Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) move uma ação na Justiça contra a madeireira desde 2004. No último mês de maio, a juíza da 1ª Vara Federal de Cascavel, Lilia Côrtes de Carvalho de Martino, declarou nulo o título de propriedade da Fazenda Rio das Cobras, que era da Araupel, declarando-o como da União.

No último dia 13 de outubro, o Incra moveu nova Ação Civil Pública – dessa vez complementar à julgada pela 1ª Vara Federal de Cascavel. O instituto pede antecipação de tutela para incorporação de 10 mil hectares do título imobiliário Rio das Cobras, localizado no município de Quedas do Iguaçu, região Sudoeste do Paraná. Pela Ação, a União e o Incra buscam a declaração da nulidade e/ou da ineficácia do título concedido à Araupel.

O pedido à Justiça foi feito em caráter de urgência. A justificativa do Incra é de que o acampamento Dom Tomás Balduíno tem hoje mais de três mil pessoas e de que uma eventual desocupação forçada das famílias sobre a área em favor da Araupel, como pedido em juízo pela empresa, poderia agravar o quadro de tensão social.

A Araupel argumenta que a decisão da Justiça já foi revertida, com a posse da área reconhecida em favor da empresa. Ela pede a reintegração imediata em favor da madeireira, alegando que a invasão compromete também a economia dos municípios onde a empresa está instalada. Boa parte da arrecadação dos dois municípios é proveniente dos impostos pagos pela empresa, que gera mais de 2 mil empregos diretos e indiretos.

Segundo a Araupel, os prejuízos com as ocupações já passam de R$ 22 milhões e a população local pode ser diretamente prejudicada caso uma onda de demissões em massa aconteça. Em nota publicada pela Alep, a empresa declarou esperar que as reintegrações de posse determinadas pela Justiça sejam cumpridas o mais breve possível.

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