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COLETA E VARRIÇÃO

Trabalhadores da coleta de lixo de Curitiba iniciam greve

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(Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Uma das greves que mais saltam aos olhos da população começou na manhã desta terça-feira (17): a de coleta de lixo e de varrição de ruas. Após uma assembleia diante da empresa Cavo, uma das concessionárias do serviço na capital, os trabalhadores filiados ao Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação (Siemaco) decidiram unanimemente por uma paralisação por tempo indeterminado. A paralisação dos trabalhadores já provoca acúmulo de lixo nas ruas da capital (confira galeria de fotos ao lado).

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A proposta da empresa que presta o serviço para reajuste dos salários é de reposição da inflação de 7,7% retroativa a 1º de março, somada a um ganho real de 1,3% começando em 1º de setembro, o que não interessou aos 2.700 trabalhadores da categoria, composta por coletores de lixo, varredores, serventes e roçadores. Já os vale-alimentação e refeição teriam acréscimo de 10%.

O Siemaco, entretanto, reivindica ganho real de 20% nos salários, além de um incremento de 30% nos vales. Os coletores de lixo estão recebendo atualmente um salário de R$ 1.118 e os varredores, R$ 958. Já o vale-refeição e alimentação, juntos, equivalem a R$ 736,56 para todos os trabalhadores.

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), disse que o pagamento pedido está fora do alcance da administração. “Não vai dar para chegar ao valor que eles pedem [Siemaco]. A prefeitura já assume um deficit que é muito expressivo e vamos pedir à Justiça que garanta uma frota mínima (de caminhões de coleta operando). Também estamos alertando a população, pelo nosso site, para não levar lixo às ruas nos próximos dias”, afirmou o prefeito em um evento público na região sul da cidade.

O presidente do Siameco, Manassés Oliveira, afirmou que, no ano passado, com uma inflação de 5% à época da negociação, o ganho real dos trabalhadores foi de 5%. “Neste ano, com uma inflação da cesta básica de 16%, aliada a altas na luz e em outros itens, não podemos aceitar um ganho real tão baixo”, afirmou Oliveira em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

Por sua vez, o secretário de meio ambiente de Curitiba, Renato Lima, disse que os funcionários de limpeza pública de Curitiba têm um dos maiores salários em comparação a outras capitais brasileiras. “No Rio de Janeiro, por exemplo, o indicativo é da empresa que administra o serviço é de uma alta de 3% dos salários”, afirmou ele.

Para Oliveira, o comparativo com o Rio de Janeiro não é um bom exemplo. “No Rio de Janeiro não havia adicional de insalubridade até o ano passado. Não é um bom local para compararmos”, disse. Em Curitiba é pago um adicional de 40% por insalubridade.

São, ao todo, 2,7 mil trabalhadores que cuidam da limpeza pública de Curitiba. As duas últimas greves, em março de 2014 e abril de 2013, tiveram dois dias de duração cada, segundo o Siemaco.

Reunião termina sem acordo

Nesta segunda-feira (16), uma reunião foi realizada entre trabalhadores, membros do Siemaco e representantes da Cavo, a empresa que administra a limpeza pública de Curitiba. No entanto, apesar dos trabalhadores sinalizarem que a proposta melhorou, não houve acordo. Com isso, a paralisação prenunciada pelo indicativo de greve declarado na semana passada foi efetivado nesta manhã.

Prefeitura orienta a população

Por meio de nota em seu site, a Prefeitura de Curitiba pediu para que a população evite tirar o lixo para coleta “até pelo menos 48 horas após o próximo dia e horário previstos para coleta”.

Segundo a administração municipal, um planejamento especial foi montado para minorar o impacto da greve, mas que as medidas serão implementadas “conforme a necessidade”.

“Caçambas adesivadas pelo Departamento de Limpeza Pública estão disponíveis nos terminais de transporte coletivo para receber resíduos levados pela população, mas a orientação é para que, sempre que possível, os resíduos sejam retidos em casa até que a situação se normalize ou que seja definida a escala de coleta emergencial nos bairros”, informa a nota.

A prefeitura informou ainda que notificou à Cavo que espera que a empresa, como responsável pelo serviço, implemente um programa emergencial de coleta.

Cavo diz que acionará a Justiça do Trabalho

Procurada, a Cavo informou que vai entrar com uma ação na Justiça do Trabalho para garantir um percentual mínimo de trabalhadores. A empresa informou ainda que participou de várias rodadas de negociação com os trabalhadores. “É importante destacar que a remuneração dos trabalhadores da Cavo em Curitiba é a maior da categoria em todo o Brasil”, diz uma nota oficial enviada à Gazeta do Povo.

Posteriormente, a empresa corrigiu a informação da nota de que a Prefeitura de Curitiba não teria feito os repasses pela prestação de serviço desde setembro de 2014. Agora, a Cavo informa que há débitos desde maio do ano passado, bem como restos a pagar da gestão Luciano Ducci (PSB), antecessor de Gustavo Fruet no comando da administração municipal. O valor da dívida não foi informado. A empresa disse que teve que tomar empréstimos bancários para manter os serviços de coleta e varrição das ruas da capital.

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