Os sindicatos das empresas (Setransp) e o de motoristas e cobradores de ônibus (Sindimoc) chegaram a um acordo em relação à negociação do acordo coletivo da categoria para este ano. O entendimento das partes já estava encaminhado, mas faltava definir o porcentual de reajuste do vale-alimentação – que acabou pendendo para a pedido dos trabalhadores. Com a definição, a prefeitura de Curitiba já tem em mãos o impacto do reajuste que faltava para definir a nova tarifa técnica. A database para esta correção venceu na última sexta-feira (26).
O acordo entre as partes foi divulgado na noite da última sexta-feira (26) por meio de uma mensagem publicada por um direitor do Sindimoc na sua página pessoal no Facebook.
De acordo com a publicação, os salários de motoristas e cobradores serão reajustados em 11,3% -- essa é a inflação acumulada entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016. Pelo índice, irão, esses salários irão, respectivamente, para R$ 2.201 e R$ 1.246. O mesmo porcentual foi aplicado ao abono salarial, que passará a ser de R$ 390. Já o vale-alimentação teve reajuste de 20% e agora será de R$ 500.
O reajuste no vale-alimentação significou uma vitória do Sindimoc nas negociações, uma vez que os empresários haviam oferecido também a reposição da inflação nesse benefício. Procurado pela reportagem, o Setransp afirmou que realmente chegou a um acordo com o Sindimoc, mas que vai aguardar a homologação da Justiça para se pronunciar sobre o resultado da negociação.
O acordo já assinado entre as partes será encaminhado à Justiça do Trabalho, que tem um dissídio coletivo agendado para a próxima terça-feira (1º). Como as partes já se entenderam, é provável que a sessão seja apenas para formalização desse acordo.
Tarifa técnica
Após reajustar a tarifa do usuário em 12,12% no último dia 1º de fevereiro, a Urbs agora terá de publicar a nova tarifa técnica do setor. Esse é o valor que os empresários recebem por passageiro transportado. Encargos sociais , salários e benefícios respondem por 48% do custo do transporte coletivo. Atualmente, a tarifa técnica da cidade está em R$ 3,27 -- valor que os empresários já consideram defasado desde o ano passado.
Durante todo 2015, a tarifa técnica de Curitiba esteve menor do que o valor cobrado dos passageiros – uma realidade diferente da vivida em outras capitais brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, o município subsidia o sistema em cerca de R$ 2 bilhões anuais para que a alta dos custos do setor não impacte no preço e na atratividade do transporte público em relação aos demais modais que concorrem com o ônibus, principalmente os individuais, como os automóveis, por exemplo.
A Comec, órgão ligado ao governo do Paraná e nova gestora das linhas metropolitanas integradas, já divulgou a sua nova tarifa técnica média para 2016. O valor de R$ 4,93 também é superior ao preço pago pelo usuário na catraca (em média, R$ 4). A diferença é coberta por um subsídio do estado que deverá ser de cerca de R$ 65 milhões neste ano.
Procurada pela reportagem, a Urbs informou que vê com bons olhos o acordo e agora aguarda que os empresários formalizem a solicitação da nova tarifa técnica para posterior avaliação.