Rio de Janeiro De 2004 para 2005, 130 mil crianças de 5 a 14 anos passaram a trabalhar no Brasil. Nesse período, elas tomaram parte do contingente de 1,4 milhão de brasileiros que, nessa faixa etária, têm que conciliar estudo e trabalho ou abandonaram a escola para complementar a renda da família. São, segundo o IBGE, em sua maioria filhos de agricultores que foram afetados pela crise no setor e passaram a trabalhar em atividades não-remuneradas ou para o próprio consumo.
Foi o aumento do trabalho nessa faixa etária abaixo de 14 anos que levou o porcentual de jovens e crianças trabalhando a crescer pela primeira vez desde 1992. Considerando toda a população de 5 a 17 anos, 11,8% dela estava ocupada em 2005, porcentual 0,4 ponto maior do que o verificado no ano anterior. Em 1992, esse percentual chegava a 19,6%.
Olhando apenas para a faixa etária de 5 a 9 anos, o IBGE constatou que 1,6% dessas crianças trabalhavam. A imensa maioria delas (91,3%) estava em atividades não remuneradas ou de agricultura de subsistência. Na faixa de 10 a 14, uma em cada dez (10,3%) crianças trabalhava, também, em sua maioria (71,2%), em agricultura de subsistência ou atividades sem remuneração.
Pedro Américo de Oliveira, coordenador nacional do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT), diz que o aumento do trabalho infantil é preocupante: "O Brasil virou referência no combate ao trabalho infantil ao conseguir reduzir, desde 1992, o porcentual de crianças trabalhando, mesmo em situações em que houve piora das condições econômicas. Como explicar que agora, quando a renda melhora, o trabalho infantil aumente?".