O estudo mostra que o avanço da informalidade foi um fenômeno tipicamente metropolitano. No Brasil, de 1992 a 2004 incluindo o setor rural, onde a informalidade é maior , a participação dos empregados sem carteira assinada na força de trabalho cresceu 2,3%, passando de 21,7% para 24%. Nas regiões metropolitanas, saltou 5%: de 17,6% foi para 22,6%.
Em São Paulo, o aumento foi de 8,8%, com o número dos trabalhadores sem carteira assinada pulando de 14,9% para 23,7%. A informalidade na região metropolitana da capital paulista, que era bem menor que a brasileira em 1992, praticamente alcançou a do resto do país em 2004 (novamente incluindo a área rural).
Deslocamento
Segundo Urani, a globalização e a abertura das economias nas últimas décadas do século 20 implodiram o modelo industrial concentrado nas grandes metrópoles, levando à decadência socioeconômica das maiores cidades do mundo. "A indústria se deslocou, mudou de endereço", ressalta o economista.
Ele acha que as regiões metropolitanas, por concentrar formadores de opinião e grandes grupos de mídia, acabam nacionalizando o diagnóstico dos problemas, distorcendo a imagem real do país. "Os problemas comuns da grande cidade não são como os problemas brasileiros", destaca. Um exemplo típico dessa tendência, para ele, é a visão de que o Brasil passou por um processo de desindustrialização. "Não existe isso, o que houve no país foi um deslocamento industrial", conclui Urani.