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Preservação

Tradição caiçara agora é patrimônio brasileiro

Mestre Brasílio (à esq.) ensina o fandango aos mais jovens | Oswaldo Eustaquio/Gazeta do Povo
Mestre Brasílio (à esq.) ensina o fandango aos mais jovens (Foto: Oswaldo Eustaquio/Gazeta do Povo)

O som da rabeca e da viola e o barulho do tamanqueado são elementos que estão presentes no fandango, expressão cultural tipicamente caiçara, que foi tombado como patrimônio cultural brasileiro na noite da última quinta-feira, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A dança tradicional, que tem sua origem no período da colonização, permanece viva nos litorais paulista e paranaense.

Com seus versos e prosas transformados em música, os mestres fandangueiros conseguiram manter viva a cultura caiçara ao longo dos séculos. No Paraná, Paranaguá é a cidade que conta com mais grupos de fandango: são quatro. Todos estão na Ilha dos Valadares. O município de Guaraqueçaba conta com dois grupos que fazem apresentações e Morretes tem um grupo.

O diretor da Casa Man­diquera, Aurélio Do­mingues, é um dos responsáveis por encaminhar o projeto que tornou o fandango patrimônio cultural e fala sobre a importância do feito para a cultura caiçara. "Com este título, temos condições de enviar projetos ao Ministério da Cultura para conseguirmos recursos para dar continuidade a este trabalho cultural. Estou muito orgulhoso com este reconhecimento porque o fandango não é apenas uma dança, mas sim um universo, o fandango se come, se bebe, se fala, se vive", define.

Cursos

Localizada na Ilha dos Valadares, em Paranaguá, a Casa Mandiquera oferece, além das apresentações, cursos de dança, rabeca, viola e canto. Tudo para manter vivo o fandango. Lá também é possível aprender técnicas de fabricação dos instrumentos tradicionais. Pelo menos duas vezes por mês são realizados bailes de fandango em Paranaguá. Sempre no segundo sábado de cada mês no Mercado do Café e no terceiro sábado no clube Mangue Seco na Ilha dos Valadares. O Mestre Brasílio, de 76 anos, é um dos tocadores mais tradicionais do Litoral. Ele acredita que esta tradição não pode parar e lamenta que os mais jovens não tenham tanto interesse pela cultura. "Essa tradição é dos meus pais, dos meus tios e quero passar também para os nossos jovens. Toco viola desde os nove anos de idade e o fandango nos traz muita alegria. Vou tocar até quando Deus me der saúde", diz.

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