O juízo da 17ª Vara Criminal da Capital condenou hoje (15) o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como Nem da Rocinha, a 16 anos e oito meses de reclusão por associação para o tráfico exercida de forma armada. Também conhecido como "Papai" ou "Mestre", o réu liderava, desde 2006, uma organização criminosa, composta por cerca de 400 homens, divididos em inúmeros setores para garantir o controle territorial e comercial da comunidade, na zona sul, de acordo com a Justiça. A pena deverá ser cumprida em regime fechado.
Segundo a denúncia, Nem atuava com desfaçatez e desenvoltura, articulando tramas por longo período temporal e sem qualquer preocupação em se expor, afrontando a todos como bandido declarado. No processo, consta ainda que a rentabilidade do grupo era extremamente vultosa, assim como as armas em seu poder.
"Nada acontecia na comunidade sem que o mesmo tivesse conhecimento e concordasse. Era ele quem ditava as regras de conduta a ser seguidas pelos moradores. Aqueles que o afrontassem estavam sujeitos ao tribunal do tráfico e a pena por muitas vezes imposta era a própria vida", assinala a decisão. Por medida de segurança, o Tribunal de Justiça do Rio não divulga mais os nomes dos juízes que atuam em varas criminais.
As investigações, que resultaram na ação penal, tiveram início em agosto de 2010, a partir de filmagens feitas no interior da Rocinha, em que diversos homens aparecem portando armas de fogo dos mais diversos calibres. Com a autorização da Justiça estadual, foi determinada a quebra do sigilo telefônico e, com isso, policiais conseguiram monitorar a compra de drogas e armas de uso restrito, tais como pistolas, fuzis, submetralhadoras e o transporte e o abastecimento dos pontos de venda de drogas.
"O narcotráfico gera reflexos negativos e devastadores em nossa sociedade, destruindo famílias e jovens. É um mal que se alastra e atinge a sociedade como um todo, estando diretamente ligado a outros crimes, como contrabando de armas, homicídios, roubos, extorsões", destaca a decisão.
Nem foi preso na madrugada do dia 10 de novembro de 2011, quando tentava deixar a Rocinha no porta-malas do carro de um de seus advogados, para fugir da ocupação da comunidade anunciada pelo governo estadual. Após ser preso, o traficante foi transferido do Complexo de Gericinó, no Rio, para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, onde está à disposição da Justiça.
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