Fiscal do Ibama analisa um papagaio do Congo recuperado em São José dos Pinhais: espécies raras e ameaçadas de extinção foram apreendidas| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Servidor da Assembleia é investigado

Entre os investigados na quadrilha está João Jorge Baurakiades, conhecido pelo apelido de "Grego". Ele consta na lista de atuais funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná.

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Coronel da PM entre os presos

A Operação São Francisco acertou em cheio a alta hierarquia da Polícia Militar do Paraná. O atual comandante do Policiamento do Interior, coronel Sérgio Filardo, foi preso por suposta participação no esquema de tráfico internacional de aves.

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Um grupo centralizado no Paraná é acusado de chefiar o maior esquema de tráfico internacional de animais de que os órgãos ambientais já tiveram notícia. Cerca de 10 mil aves silvestres, algumas raras e ameaçadas de extinção, foram apreendidas na Operação São Francisco, comandada pela Polícia Federal em parceria com o Ibama. Segundo a PF, R$ 5 milhões eram movimentados por ano com a venda dos pássaros, que chegavam a valer R$ 150 mil na Europa. "Era uma quadrilha sofisticada, que trazia ovos do exterior e também levava daqui para outros países", destaca o superintendente da PF, Maurício Valeixo.

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O esquema funcionava com a ajuda de funcionários públicos, como fiscais do Instituto Am­­biental do Paraná (IAP), um servidor do Tribunal de Contas do Es­­tado e outro da Assembleia Le­­gislativa e até o ex-comandante da Força Verde (veja matérias nesta página). Ao todo, 34 pessoas foram presas, sendo cinco por posse ilegal de arma. Um envolvido, investigado com a ajuda da Interpol, está sendo procurado na Holanda.

As prisões foram autorizadas pela juíza federal Pepita Durski Tramontini e ocorreram em Curitiba, São José dos Pinhais, Piraí do Sul, Maringá, Foz do Iguaçu, Londrina e Cianorte – cidade em que uma fábrica de anilhas (espécie de anel inviolável que deve ser colocado na ave quando é ainda filhote) foi interditada. Também foram cumpridos mandados em São Paulo e Santa Catarina.

Apontado como líder do esquema, Márcio Rodrigues foi preso em uma chácara de alto padrão em São José dos Pinhais. Ele era, segundo a polícia, responsável por abastecer criadores de São Paulo, que se encarregavam de distribuir as aves para o restante do Brasil.

Um suporte em forma de colete era usado por baixo da roupa para transportar os ovos e passava facilmente nos aeroportos. Muitas vezes os animais nasciam no trajeto. Aí eram sedados para não fazer barulho e denunciar os traficantes. Eram transportados aproximadamente 250 ovos por mês. Só um dos integrantes da quadrilha teria feito mais de 40 viagens internacionais em três anos. Rodrigues teria, segundo a investigação, co­­metido crimes como formação de quadrilha, corrupção ativa, falsidade documental, fraude contra o sistema financeiro e crimes ambientais. Se condenado, a pena pode chegar a 32 anos de prisão.

Além do crime ambiental, a importação de aves traz riscos sanitários, já que alguns dos países de onde os pássaros partiram têm registros de gripe aviária. Na chácara de Rodrigues havia 63 viveiros externos prontos e mais 51 em construção, além de centenas de gaiolas organizadas dentro de construções de alvenaria, climatizadas. Os animais apreendidos serão devolvidos para o habitat natural ou encaminhados para criadores autorizados.

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