Destaque entre as cidades do Paraná que registraram aumento no número de homicídios em 2005 (60% em relação ao ano anterior), Campo Mourão, no Centro-Oeste, apresentaria estatísticas bem diferentes não fosse o tráfico de drogas. Segundo relatório da Polícia Civil, 90% dos 48 homicídios ocorridos no ano passado estão relacionados ao comércio de entorpecentes. As estatísticas mostram que esse tipo de crime vem aumentando na cidade tendo triplicado em cinco anos. Além disso, como prova da exacerbação da violência e da intencionalidade, 95% das vítimas foram mortas com tiros na cabeça. "É uma forma do autor ter garantia de que a vítima realmente foi morta", explica o superintendente da 16.ª Subdivisão Policial (SDP), Job de Freitas.
Apesar da elucidação de 44 dos 48 crimes, a polícia acredita que não há como evitar os homicídios. "Uma das medidas que poderia contribuir seria o combate mais intenso ao tráfico de drogas na fronteira", opina o delegado. Segundo ele, o aumento dos homicídios nos últimos anos está relacionado ao fato de a cidade ter se tornado rota do tráfico de drogas do Paraguai e Argentina para São Paulo e Rio de Janeiro.
A proximidade com a fronteira também tem impacto nas estatísticas de Cascavel, no Oeste. Com menos moradores do que Ponta Grossa, na Região Central, Cascavel tem mais homicídios registrando aumento no número de casos pelo segundo ano consecutivo. A violência atinge sobretudo jovens. De acordo com a Polícia Civil, boa parte das mortes está relacionada ao acerto de contas entre traficantes. O levantamento aponta ainda que 80% dos assassinatos ocorreram em vias públicas e que os bairros periféricos são palco de 86% dos assassinatos.
Maringá, que já foi apontada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) como uma das cidades mais seguras para se morar no Brasil, corre o risco de ter essa imagem no mínimo arranhada. Os moradores viram a quantidade de homicídios subir 54% no comparativo entre os anos de 2004 e 2005, saltando de 24 casos para 37. "Com o aumento da população e o desenvolvimento das cidades é esperado que também aumente o número de crimes. Mas a polícia trabalha para que os delitos nunca aumentem", diz, delegado da 9.ª SDP, Paulo Machado.