“A maioria desses crimes de Curitiba e região metropolitana está diretamente relacionada ao tráfico de drogas, que muitas vezes vem dessa região aqui (Foz do Iguaçu).”| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Foz do Iguaçu - Embora ainda seja a região do Paraná com maior índice (58,7%) de homicídios por 100 mil habitantes, Foz do Iguaçu vem conseguindo reverter o quadro. Em 2007, segundo o mapa do crime divulgado na terça-feira pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), foram registrados 327 homicídios dolosos na região de Foz, contra 254 em 2008 – uma redução significativa de 22,32%.

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Para o secretário estadual da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a redução do crime em Foz tem relação direta com o aumento dos índices de homicídio em Curitiba, embora as duas cidades estejam distantes 630 quilômetros. "Os criminosos funcionam assim: a polícia aperta em determinada região para determinado tipo de crime, e eles migram para outra região com outro tipo de crime", disse.

Delazari esteve ontem em Foz do Iguaçu para participar do seminário "Crise – Desafios e Soluções para a América do Sul". Na ocasião, falou à Gazeta do Povo sobre os dados da criminalidade.

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Os índices de homicídio aumentaram em Curitiba e caíram em Foz. A que o senhor atribuiu essa redução?

À sazonalidade do crime. Os criminosos funcionam assim: a polícia aperta em determinada região para determinado tipo de crime, e eles migram para outra região com outro tipo de crime. A redução em Foz do Iguaçu é muito significativa porque a cidade era tida como o símbolo do crime, alguns chegaram a dizer que a situação estava fora de controle, e nós estamos provando que não é verdade. A polícia do Paraná tem trabalhado muito. Temos realizado muitas operações, prendido muitos criminosos. A maioria desses crimes de Curitiba e região metropolitana está diretamente relacionada ao tráfico de drogas, que muitas vezes vem dessa região aqui (Foz do Iguaçu). Eu acredito que, enquanto tivermos essa política de combate ao tráfico de drogas, que é uma política do mundo inteiro, é difícil de segurar (a violência) porque o consumo de drogas aumenta. 80% dos crimes contra a vida estão diretamente relacionados ao tráfico. É o consumidor que deve para o traficante, e a cobrança acaba sendo feita através da execução. É o traficante que disputa com o traficante a droga ou o ponto. E isso está gerando um aumento da demanda por conta do tráfico de drogas, que é o mal do século.

Com a repressão policial, parte dos criminosos de Foz migrou para Curitiba?

Essa sazonalidade faz parte de um comportamento. Estamos falando de um aumento de 8% em Curitiba que respeita um momento histórico. Se você olhar os 12 últimos anos de Curitiba vai perceber que os crimes de homicídio em Curitiba variam de 500 a 600, então está dentro da margem dos dois últimos anos. O ano que mais teve foi 2002, com cerca de 610 homicídios. Ao passo que nesse mesmo período a população aumentou 30% em Curitiba. Então acho que dentro desse padrão, com este tipo de análise, o resultado é satisfatório. Estou falando da frieza de números, não de uma vida humana perdida. Toda vida humana perdida é lamentável.

No balanço da Sesp, por que não foram considerados confrontos com polícia ou latrocínios?

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Um confronto com policial não é um homicídio, é uma resposta que a polícia dá a uma legítima defesa. Uma lesão corporal seguida de morte não é homicídio, mas está no campo da lesão corporal seguida de morte. O que existe é que, em um primeiro momento, um crime é capitulado como homicídio, mas durante a apuração se descobre que é uma lesão corporal seguida de morte. Portanto ele deixa de ser homicídio. A estatística tem essa mobilidade. Num primeiro momento você imagina que é um crime, posteriormente descobre que é outro. Você por exemplo encontra um corpo que está com perfuração de bala de fogo na cabeça. Pode ser homicídio, suicídio, acidente, confronto com a polícia, depende. Nós estamos falando de crimes diferentes. Latrocínio é um roubo seguido de morte, a lesão corporal é uma briga seguida de morte, e o homicídio é o homicídio simples, é a morte. Não há uma diferença de critérios, isso é colocar a coisa certa no local certo.

Mas isso não mascara os números?

Em hipótese nenhuma. Pelo contrário, não existe situação mais transparente e cristalina do que a nossa. Eu não posso divulgar errado, uma lesão corporal seguida de morte como homicídio, porque está errado. Então estou somando ou diminuindo coisas que não são reais, são inverídicas. A estatística é mutável. Muda de acordo com a investigação e com alguns processos. Todos estados adotam o mesmo critério que nós. O que nós não temos aqui em grande número é o achado de cadáver. São Paulo, por exemplo, divulga uma estatística com um número ‘X’ de homicídios. E um número ‘X’ parecido com de achado de cadáveres. No Paraná, se tivermos 20 achados de cadáver no estado inteiro é muito. Porque buscamos catalogar todos os crimes, mesmo que tenha que mudar a classificação deles.

Pesquisas mostram que o número de homicídios está caindo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por que no Paraná aumentou?

Mas está aumentando o achado de cadáver (no Rio e em SP). Eles encontram o corpo com seis, sete tiros, não sabem o que aconteceu e, a princípio, colocam como achado de cadáver nas estatísticas. Mas se você olhar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os dois estados tiveram aumento parecidos com o do Paraná em crimes contra a vida. Isso se atribui ao aumento do consumo e tráfico de drogas.

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