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Tráfico, um combustível da violência

O número de mortes violentas foi um dos temas discutidos em um seminário que começou ontem em Foz | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
O número de mortes violentas foi um dos temas discutidos em um seminário que começou ontem em Foz (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)

O tráfico de drogas e o contrabando de cigarros são os principais motores dos assassinatos registrados nas cidades-gêmeas da fronteira brasileira e colocam três municípios paranaenses entre os mais violentos, segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf). Em Foz do Iguaçu, Barracão e Guaíra o índice de homicídios, em 2012, foi de 64,75 mortes por 100 mil habitantes, quase o dobro da média do estado do Paraná (32,66) e acima da média brasileira (29,05) naquele ano.

Os números fazem parte de uma pesquisa feita, a pedido do Idesf, pela Empresa Gaúcha de Opinião Pública e Estatística (Egope) e servem de base para um debate que ocorre desde ontem no Seminário Fronteiras do Brasil, em Foz do Iguaçu. Isoladamente, Guaíra registrou média de 87,06 mortes a cada 100 mil habitantes, Foz do Iguaçu, 63,74, e Barracão, 20,42.

Presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros diz que as seis cidades-gêmeas brasileiras com maior índice de homicídios segundo a pesquisa – Coronel Sapucaia (MS), 112,25 homicídios ­­para cada 100 mil habitantes; Paranhos (MS), 94,69; Guaíra (PR) e Mundo Novo (MS), 69,56; Foz do Iguaçu (PR), 63,74; e Ponta Porã (MS), 54,7 – têm em comum uma movimentação intensa de contrabando de cigarros e tráfico de drogas.

Barros ressalta que a logística utilizada pelos contrabandistas de cigarro é a mesma do tráfico de drogas, ou seja, o produto é escoado por meio de rodovias. Os integrantes das quadrilhas estão cada vez mais violentos, fato que estimula as mortes. Entre os exemplos, segundo Stremel, estão diversos atentados contra a polícia, além da ocorrência frequente de troca de tiros e incêndios a veículos.

A polícia já identificou membros de quadrilhas do tráfico de drogas que hoje atuam em grupos dedicados ao contrabando de cigarros. "Eles estão emprestando o modos operandi do tráfico. Estão violentos, criam clãs e movimentam muito dinheiro", ressalta Barros.

Combate

Delegado da Polícia Civil em Guaíra, Pedro Lucena diz que o número de homicídios na cidade caiu 60% nos primeiros seis meses deste ano. Conforme dados da Secretaria do Estado da Segurança Pú­­blica (Sesp), Guaíra registrou 29 homicídios em 2012 e um total de 20 em 2013. Neste ano, até junho, o número chegou a 10. "Como temos combatido o tráfico de drogas e o contrabando, acaba inibindo", diz. A elucidação dos crimes, que segundo Lucena chega a um índice de 99%, também é um freio para as mortes.

Em Foz do Iguaçu, a tendência de queda, registrada nos últimos anos, também deve se confirmar em 2014, segundo o titular da Delegacia de Homicídios, Marcos Araguari de Abreu. Em 2012, a cidade de fronteira teve 165 mortes, em 2013 o número caiu para 111. Neste ano, até agora, são 75. Para Araguari, a mudança de perfil da cidade, que está deixando para trás a economia informal atrelada ao contrabando, contribuiu para a queda do número de assassinatos. "A cidade está mudando de perfil gradativamente", afirma.

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