Fruet na Rua Riachuelo no dia da posse: ato simbólico em favor da bicicleta marca nova gestão municipal| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

"A mensagem principal é que a bicicleta é um meio de transporte e qualquer ciclista, seja ele prefeito, operário ou estudante, precisa se sentir seguro em sua cidade."

Jorge Brand, ativista da bicicleta.

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Daqui pra frente

Tinta vermelha na pista, novas rotas e campanhas

Para solucionar o problema da falta de incentivo ao uso de bicicletas, o ideal seria conciliar o aumento no número de ciclofaixas e ciclovias, criando uma rede que interligasse o Centro e todos os bairros - e fazer campanhas de educação para o trânsito.

"Não adianta ter uma ciclovia para chegar até determinado parque se não tenho um caminho para voltar para casa e se sei que os motoristas não vão me respeitar. A cidade precisa ser espaço para os pedestres, acima de tudo", comenta o coordenador-geral da CicloIguaçu, Jorge Brand.

Entre os planos de governo, Fruet incluiu a construção de 300 quilômetros de ciclorrotas e recuperação de outros 120 quilômetros. Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR, Fábio Duarte, o ideal seria investir nesses e outros tipos de obras para melhorar a estrutura.

"Mesmo medidas simples e bem baratas surtem efeito importante. Há algum tempo, os cruzamentos das ciclovias foram pintados de vermelho e logo os motoristas passaram a respeitar o espaço, paravam ou pelo menos reduziam a velocidade. Medidas assim são tão simbólicas quanto a pedalada de Fruet até a prefeitura."

Para Duarte, as primeiras medidas em relação ao uso da bicicleta na cidade seriam no sentido de recuperar a malha cicloviária existente. "Não são necessárias grandes obras e, em alguns trechos, basta a simples manutenção e adequada sinalização para melhorar as condições de trânsito para os ciclistas."

Na última terça-feira, o novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, chamou a atenção ao percorrer o trajeto de cerca de 2,5 quilômetros entre a Câmara Municipal de Vereadores e a Prefeitura Municipal usando uma bicicleta. Acompanhado pela primeira-dama e presidente da FAS, Márcia Fruet, e por vários ciclistas e cicloativistas, Fruet transitou com facilidade entre as ruas Barão do Rio Branco e Riachuelo e a Avenida Cândido de Abreu e aproveitou para reforçar seu compromisso com o incentivo ao uso das bikes na cidade.

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O problema é que, no dia a dia, uma pessoa comum não consegue fazer essa rota com tanta tranquilidade e segurança. Os motivos principais são a falta de estrutura e de uma conscientização de motoristas, pedestres e ciclistas.

"Foi um ato simbólico em um dia comemorativo. Se em um dia comum Fruet resolvesse ir trabalhar pedalando, certamente teria uma série de problemas", aponta o arquiteto e urbanista Fábio Duarte, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

As dificuldades começam com o fato de que nenhuma das três vias conta com ciclovias ou ciclofaixas. "Outro problema grave é a violência do trânsito, principalmente no Centro. É comum os motoristas, especialmente em dias úteis e horário de pico, se importarem muito em completar o trajeto com rapidez, mas se esquecem de respeitar algumas regras básicas, como manter 1,5 metro de distância do ciclista, reduzir a velocidade e não ameaçar sua segurança."

Para o ativista Jorge Brand, coordenador do coleti­vo CicloIguaçu, voltado para ações sustentáveis, medidas simples como retirar a faixa de estacionamento da Rua Barão do Rio Branco e transformá-la em uma ciclofaixa, ou construir uma ciclovia na Avenida Cândido de Abreu, ajudariam a tornar o trajeto muito mais seguro.

"Em ambos os casos, seria necessário um espaço específico para a bicicleta. Hoje o ciclista se arrisca tendo que seguir no percurso na rua, sem qualquer sinalização que o oriente e ajude. Com um cenário assim, é fácil se sentir desprotegido."

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Exemplo

Duarte explica que, para sua posse, o novo prefeito fez o trajeto que todo ciclista deveria poder fazer durante a semana, o que serviu como um exemplo importante, mas não pode parar por aí.

"O fato de Fruet ter usado a bicicleta em sua posse segue o exemplo de outros governantes, como o prefeito de Paris e o governador da Califórnia. Mas é preciso mais que isso. Em Estocolmo, o prefeito vai todos os dias de bicicleta para o trabalho."

Para Brand, o gesto do novo prefeito merece ser analisado com otimismo, por seu simbolismo e pela expectativa de reforço nas políticas públicas de incentivo ao uso da bicicleta. "Eu vejo com bons olhos essa iniciativa. Sabemos que ainda é necessário muito trabalho para que a bicicleta seja vista efetivamente como um modal de transporte, mas esse é um primeiro passo muito importante."