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Ponta Grossa – Quando o asfalto da BR-153 (Transbrasiliana) estiver concluído, em abril de 2008, quem passar pelo trecho, que liga a PR-090 à BR-376, nos Campos Gerais, vai percorrer um sítio paleontológico que esconde fósseis de 400 milhões de anos. A preservação do sítio gera polêmica. O geólogo Carlos Bonow lamenta que o Brasil não tenha uma cultura de valorização dos fósseis, enquanto o paleontólogo Elvio Bosetti, que é doutor em paleontologia e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), crê que a pavimentação vai facilitar o acesso dos pesquisadores.

Os fósseis encontrados são resquícios do período em que a região era coberta por um imenso mar. O sítio paleontológico tem pelo menos 1,6 milhão de quilômetros quadrados conhecidos. Em cada pedaço de pedra encontrado às margens da rodovia em construção é possível ver marcas de invertebrados marinhos como conchas e trilobitas (parecidas com pequenas baratas).

Bonow, que reside numa chácara às margens da Transbrasiliana, sugere que seja criado um museu com as formações fossilíferas mais interessantes. Ele lembra que a cidade de Tibagi, que está a poucos quilômetros da estrada, poderia usar o museu como atrativo turístico junto às cachoeiras e ao Parque Estadual do Guartelá que atraem visitantes durante o ano todo.

Os fósseis são considerados patrimônio nacional. Para evitar a venda no mercado clandestino, ainda está em vigor no país o decreto-lei 4.146 de 1942 que determina que a extração depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM).

Para Bosetti, que estuda a formação há cerca de 20 anos, não é necessário parar a obra para preservar o sítio porque os fósseis estão em todos os lugares da região. "A cidade está construída em cima da formação e, por isso, se você deixar de abrir a estrada naquele local para construir mil metros ao lado também encontrará fósseis", exemplifica. O antropólogo sugere, no entanto, que a empreiteira não obstrua os barrancos ao lado da pista com grama porque isso dificultará o acesso dos pesquisadores.

Projeto

A assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) informou que não está descartada a possibilidade de pedir à CR Almeida – empreiteira responsável pela obra – que contrate um especialista para assessorar os trabalhos e não prejudicar o sítio paleontológico. A assessoria acrescentou que a obra seguiu projeto original de 1978 e que não foi realizado estudo específico sobre a formação fossilífera.

A estrada foi aberta em 1967 e começou a ser asfaltada em 1997, mas parou por falta de recursos federais. Foi retomada em outubro do ano passado após o anúncio de R$ 100 milhões para a pavimentação, que compreende dois lotes: o primeiro ligando Ventania a Tibagi e o segundo Tibagi a Alto do Amparo. O trecho paranaense é o único na BR-153 – que une Marabá (PA) a Aceguá (RS) – que ainda não está asfaltado.

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