Uma transexual, quatro presos com tuberculose e um cadeirante foram transferidos, na última sexta-feira (26), ao Complexo Médico Penal, em Curitiba. Eles estavam detidos na carceragem superlotada do 11º Distrito Policial, localizado na Cidade Industrial de Curitiba, que funciona como um centro de triagem de presos. Apesar da capacidade de 38 vagas, havia 161 pessoas mantidas no local. A transferência foi divulgada nesta segunda-feira (29) pelo Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca da Região.
A superlotação e a situação irregular dos presos havia sido diagnosticada pelo Conselho na semana passada. Um dos casos que mais chamou a atenção foi o da transexual, que dividia uma cela com outros 30 homens. Ela trajava apenas roupas íntimas e relatou aos membros do Conselho que vinha sofrendo ameaças constantes. Segundo o depoimento, as roupas dela teriam sido rasgadas por policiais durante a prisão.
"É uma situação bastante grave", definiu a presidente do Conselho, a advogada Isabel Kugler Mendes.
A entidade também identificou um cadeirante, que estava preso em uma cela que continha outras 12 pessoas. De acordo com o relatório, o preso precisava da ajuda dos colegas de carceragem para fazer as necessidades fisiológicas. Quatro dos detentos um dos quais já expelia catarro com sangue foram diagnosticado com tuberculose.
"Muitos outros apresentam sintomas de anomalias tais como asma, alergias, diarreia, cefaleia, entre outros, mas não existe tratamento ou atendimento médico naquele local", consta do relatório.
Além disso, a Comissão constatou que os presos faziam revezamento para conseguir dormir nas celas e que, em um dos cubículos, sequer podiam tomar banho. As celas não tinham ventilação ou luz natural. Outro aspecto grave é de que 80% dos detentos não tinham defensores.